A realidade não padece de um caráter imutável que convinha a quem busca por um jornalismo “isento” e “científico”. Tudo é inconstante. E o que dirige os nossos pensamentos e atitudes, não são os factos, mas a forma como é refletida a sua mutabilidade na instabilidade interior do nosso ser. São as emoções que nos guiam e não a informação. Os jornais não têm poemas e fico mais pobre porque eles me mostram mais a realidade do que parece…
“Nunca nenhum poema me leu
Ignoram-me sempre
Ainda que a minha alma lhes toque
Não é por isso que deixo de os ler
Talvez seja isso que me faz compreendê-los
(Ou pensar que sim)
Olhar para eles
Trocar símbolos, palavras,
silêncios,
Por emoções
Dissecar cada sentimento
Absorvê-lo
E devolvê-lo ao mundo em novas formas de ser
Como se a minha alma nascesse de novo
Neste corpo gasto
pelo verbo
E pela ânsia de ser lido
Ainda que o mundo não me sinta
Sinto-o eu
de novo que fico
a cada poema
que me ignora.”
(texto publicado na edição de 14 de novembro de 2013)