Assinar

Nortada: Resistência

Leiria continua a resistir. Perdão, muitas das pessoas que vivem em Leiria continuam a resistir.

Filipe-pinto-loureiro
Filipe Pinto Loureiro, empresário flfranca@yahoo.com

Leiria continua a resistir. Perdão, muitas das pessoas que vivem em Leiria continuam a resistir. Resistem a tudo o que mexe com o que sabem ou pensam saber. À novidade, à mudança, à alternativa. Sugerir uma alteração de comportamento ou pensamento em Leiria é sinónimo de ostracismo… para quem o sugere.

Eu, que aterrei em Leiria em 2002, já me habituei a assistir aos passeios para S. Pedro de Moel aos domingos à tarde, a ver pais a estacionar em terceira fila (!) quando levam os filhos à escola, a ouvir dizer “em Lisboa ou Coimbra é melhor”, a ter que lutar para conseguir atravessar a rua numa passadeira. Até aprendi novos termos, como “estar no calhandro”.

Muitos leirienses estão tão enraizadas nas suas rotinas (íntimas) que quase não existe espaço para a novidade. Para um novo conhecimento. Para, pelo menos, ouvir antes de ter uma opinião. E em Leiria todos têm uma opinião. Quase sempre sem fundamento, sem terem perdido dois segundos a pensar antes de rematar com o clássico “eu-não-tenho-medo-de-dizer-o-que-penso” sem pensar se o que estão a dizer… bem, faz sentido.

O grande problema é mesmo o que passa para a geração que aí vem. Também ela vai resistir à mudança, a novos conceitos.

Podia ser em qualquer lado. Mas é em Leiria e isso chateia-me.

Escrito ao abrigo do anterior Acordo Ortográfico

(texto publicado na edição de 24 de outubro de 2013)