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Tempo incerto: Os meios aéreos e a “campanha dos fogos”

O País, com a chegada do Outono, tem tendência a esquecer os dramas da “época de fogos”.

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José Vitorino Guerra

O País, com a chegada do Outono, tem tendência a esquecer os dramas da “época de fogos”. Na última década, o fogo terá causado prejuízos superiores a 2.224 milhões de euros, mas não se sabe ao certo quanto se gastou no combate.

A “época de fogos” transformou-se num problema de segurança nacional que tarda a ter uma solução capaz de estabelecer novos patamares organizacionais e de minimizar os estragos.

O Estado todos os anos atribui uma verba para combater os fogos e desempenhar outras funções de protecção civil. Em 2012, previam-se cerca de 70 milhões, dos quais 45 milhões para aeronaves. O orçamento deste ano considerava 74 milhões de euros para a “campanha dos fogos”, dos quais 47 milhões destinados a meios aéreos. A verba foi ultrapassada devido à violência dos incêndios que, também, obrigou a pedir aviões aos parceiros da UE, cuja utilização temos de pagar.

A participação das Forças Armadas e, em particular, da Força Aérea (FAP), no combate aos incêndios, tem muito espaço para crescer. Em tempos, a FAP possuiu dois C-130 preparados para os fogos florestais que, por decisão política, tiveram escassa utilização. Existem, ainda, aviões com sensores adequados a monitorizar os fogos de dia e de noite e a coordenar as operações a partir do ar, como o C-295M, para além dos desactivados helicópteros SA330, que podiam ser utilizados no combate aos incêndios e noutras tarefas de protecção civil.

A frota alugada a privados para a “campanha dos fogos” envolve mais de três dezenas de aeronaves . O Estado tem oito helicópteros dependentes do Ministério da Administração Interna (MAI) e adquiridos inicialmente para a EMA, uma empresa de capitais públicos criada por Sócrates.

A FAP possui seis helicópteros ligeiros Alouette III, com mais de 50 anos de utilização e prestes a atingirem o seu limite operacional, além de 12 EH-101 destinados, prioritariamente, ao serviço público e à busca e salvamento no mar.

Não se percebe a razão por que existem verbas para contratar frotas a empresas privadas e sustentar meios aéreos dependentes do MAI, que se deviam integrar na FAP para racionalizar custos operacionais, em vez de se dotar a Força Aérea dos meios adequados que lhe permitam alargar o âmbito das suas missões de combate aos fogos florestais.

Escrito de acordo com a antiga ortografia

(texto publicado na edição de 17 de outubro de 2013)