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Tempo incerto: Uma paz frágil

No dia 11 de Novembro de 1918, o silêncio das armas abateu-se sobre os ensanguentados campos de batalha da 1ª Guerra Mundial.

redacao@regiaodeleiria.pt

No dia 11 de Novembro de 1918, o silêncio das armas abateu-se sobre os ensanguentados campos de batalha da 1ª Guerra Mundial.

A paz imposta pela coligação vencedora, liderada pela Grã-Bretanha, a França e os EUA, refez o mapa político europeu, mas foi incapaz de construir equilíbrios geopolíticos duradouros. A Conferência de Paz não soube resistir à tentação de asfixiar a Alemanha, de desmembrar o império Austro-Húngaro e de marginalizar a Rússia, onde a Grande Guerra fornecera aos bolcheviques a oportunidade de desencadearem uma revolução socialista, em 1917.

Mergulhada no caos político e económico, a Alemanha vai assistir à desagregação da República de Weimar, enquanto as ruas passam a ser palco de contínuos confrontos entre a extrema-esquerda e a extrema-direita, que se alimentava do orgulho nacional ferido.

Em 1919, um obscuro militar desmobilizado, Adolfo Hitler, filiou-se no Partido dos Trabalhadores Alemães. Iniciava o percurso que o levaria à tomada do poder através de uma nova ideologia alicerçada no discurso da supremacia racial alemã, no militarismo, no expansionismo territorial, na vingança contra as imposições do Tratado de Versalhes e na defesa da criação de um Estado liderado pela vontade suprema do chefe. Vinte anos depois iniciaria a 2ºGuerra Mundial.

No mesmo ano, em Itália, Benito Mussolini aglutinava um pequeno grupo de descontentes e de desmobilizados de guerra em torno do “fascio”, um símbolo do poder político da antiga Roma. Prometia reerguer a pátria, devolver-lhe o passado grandioso, combater a exploração capitalista e o comunismo. Em 1922, a “Marcha sobre Roma” deu-lhe o poder.

Em Portugal, após a experiência ditatorial de Sidónio Pais e a guerra civil subsequente, os militares passaram a ter uma crescente intervenção na vida pública, ressentidos com o Partido Democrático, que os enviara para uma guerra onde as ilusões republicanas se haviam desfeito.

A 28 de Maio de 1926, um golpe de Estado liderado pelo general Gomes da Costa punha fim à 1ª República e instaurava uma ditadura militar.

Um pouco por toda a Europa, vários regimes liberais foram soçobrando perante a sedução autoritária e as investidas do fascismo e do movimento comunista. A paz saída da Grande Guerra iria gerar uma noite ainda mais profunda.

Escrito de acordo com a antiga ortografia

(Artigo publicado na edição de 8 de novembro de 2018)