Assinar

Vista direita: O silêncio dos culpados

Tem vindo a tornar-se comum, na vida pública, ouvir como resposta a perguntas colocadas por jornalistas ou adversários, silêncio, alhos por bugalhos ou, no limite, não respondo a isso.

Domingos Carvalho, membro da Assembleia Municipal de Leiria domjcarvalho@gmail.com

Tem vindo a tornar-se comum, na vida pública, ouvir como resposta a perguntas colocadas por jornalistas ou adversários, silêncio, alhos por bugalhos ou, no limite, não respondo a isso.

A democracia tem como premissa o respeito pelos que connosco não concordam e legitima-se no debate e na explicação da razão de cada um.

Começa a ser preocupantemente normal, quem está no poder, “não estar nem aí”, para explicar o que faz e com que objetivo o faz. Faz porque pode e manda, escudado na “legitimidade” do mandato que tem.

Hoje poucos podem cumprir o programa com que se apresentam ao eleitorado. Ou porque encontram, dizem, condições financeiras piores do que as que esperavam ou, para mim a verdadeira razão, se apresentassem o programa que vão poder cumprir jamais seriam eleitos. O que deveria motivar maior debate. Maior transparência.

Isto é tanto mais verdadeiro quanto o papel da imprensa e das oposições fica constrangido ao não poder “cobrar” o não cumprimento de promessas. Nem contrastar o que se propunham fazer com o que está a ser feito. Tudo isto se torna num fator adicional de estrangulamento democrático. Como ocorre na nossa AM. Como pôr em causa opções apresentadas num orçamento que contempla o dobro da despesa face à receita real? E qualquer sugestão ou crítica esbarra num permanente “não há dinheiro”?

(texto publicado na edição em papel de 2 de março de 2012)