Tem vindo a tornar-se comum, na vida pública, ouvir como resposta a perguntas colocadas por jornalistas ou adversários, silêncio, alhos por bugalhos ou, no limite, não respondo a isso.
A democracia tem como premissa o respeito pelos que connosco não concordam e legitima-se no debate e na explicação da razão de cada um.
Começa a ser preocupantemente normal, quem está no poder, “não estar nem aí”, para explicar o que faz e com que objetivo o faz. Faz porque pode e manda, escudado na “legitimidade” do mandato que tem.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Hoje poucos podem cumprir o programa com que se apresentam ao eleitorado. Ou porque encontram, dizem, condições financeiras piores do que as que esperavam ou, para mim a verdadeira razão, se apresentassem o programa que vão poder cumprir jamais seriam eleitos. O que deveria motivar maior debate. Maior transparência.
Isto é tanto mais verdadeiro quanto o papel da imprensa e das oposições fica constrangido ao não poder “cobrar” o não cumprimento de promessas. Nem contrastar o que se propunham fazer com o que está a ser feito. Tudo isto se torna num fator adicional de estrangulamento democrático. Como ocorre na nossa AM. Como pôr em causa opções apresentadas num orçamento que contempla o dobro da despesa face à receita real? E qualquer sugestão ou crítica esbarra num permanente “não há dinheiro”?
(texto publicado na edição em papel de 2 de março de 2012)