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Grupo Espírito Santo quer vender Leiria Retail Park

Centro comercial fantasma, votado ao abandono e sem nenhuma loja a funcionar, integra o fundo de investimento Gespatrimónio Rendimento, com um valor atribuído de 20,4 milhões de euros.

Não resta uma loja em funcionamento no Leiria Retail Park, centro comercial que integra o universo de ativos do Grupo Espírito Santo e está à venda no site BES Imóveis – agora no Novo Banco – desde o último trimestre de 2012.

Na página da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o imóvel surge atualmente integrado na carteira do Gespatrimónio Rendimento, fundo de investimento imobiliário aberto, também do Novo Banco, com um valor atribuído de 20,4 milhões de euros.

Envolto em polémica desde a primeira hora, o declínio do Leiria Retail Park acentuou-se nos últimos anos. Em maio de 2013, a empresa Redwave, que gere o Beloura Shopping, no concelho de Sintra, entre outros, acaba por desligar-se da administração, ficando por concretizar o plano de revitalização do empreendimento, que passava pela melhoria da relação com o tráfego automóvel no IC2.

Esta alteração dos acessos já constava de um estudo realizado em 2012 pelo ateliê Quaternaire, em parceria com a Sopsec Engenharia, que nunca chegou a ver a luz do dia. O documento tinha por objetivo apoiar o Espírito Santo no processo de legalização da unidade, construída em espaço florestal e a funcionar desde o início sem o devido licenciamento do município de Leiria, embora a coberto de uma decisão judicial.

Aberto em outubro de 2001, o Leiria Retail Park começou por ser explorado pela empresa Capitalinvest, de Alexandre Alves, antigo candidato à presidência do Benfica e ex-diretor da fábrica de aparelhos de ar condicionado Fnac. A concessão fez-se a troco de 161 mil euros mensais (sem IVA) a pagar ao fundo Gespatrimónio Rendimento.

No entanto, o alegado incumprimento do contrato levou a Espírito Santo Fundos de Investimento a requerer a insolvência da Capitalinvest em 2005, reclamando em tribunal uma dívida superior a sete milhões de euros, de acordo com notícias publicadas à época no jornal Correio da Manhã.

A inauguração do centro comercial – um investimento de 4,5 milhões de contos, cerca de 22,5 milhões de euros – também não tinha corrido da melhor maneira. Além da situação de ilegalidade por não respeitar Plano Diretor Municipal (PDM) nem Reserva Ecológica Nacional (REN), apenas duas lojas (Multiópticas e Rádio Popular) abriram as portas ao público no primeiro dia.

Localizado na freguesia de Milagres, o Leiria Retail Park soma quase 17 mil metros quadrados de área bruta de construção, com 14 lojas e estacionamento para algumas centenas de viaturas.

Um dos obstáculos na afirmação da marca, além da oferta e da distância à cidade, terá sido a falta de um acesso direto a partir do IC 2 para quem se desloca no sentido Leiria-Coimbra. Com a saída da Rádio Popular, em 2012, ficaram apenas a Multiópticas e a Viva Feliz e estava iniciado o caminho para o cenário atual, de total abandono.

Legal com o novo PDM

Mário Gomes, empresário ligado ao sector da construção civil, é o atual presidente da Junta de Freguesia dos Milagres. O autarca não tem dúvidas que o Leiria Retail Park iria afirmar-se “se tivesse um acesso direto” para automóveis “no sentido sul-norte”, ou seja, se os condutores que se deslocam a partir de Leiria não fossem obrigados a percorrer centenas de metros para efetuar inversão de marcha e depois aceder ao centro comercial.

“Gostaríamos muito de ver o Leiria Retail Park a funcionar”, afirma Mário Gomes, lembrando que “todos os investimentos na freguesia são importantes e criam emprego”. De acordo com o autarca, a nova versão do Plano Diretor Municipal (PDM) de Leiria coloca o empreendimento em zona urbanizável, garantindo a sua legalidade.


Cláudio Garcia

claudio.garcia@regiaodeleiria.pt

(Notícia publicada na edição de 28 de agosto de 2014)

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