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Sociedade

Oeste. (Re)descobrir uma região nas viagens de Tomé Gouveia

Até à primavera de 2015, um leiriense vai percorrer a região Oeste para nos revelar semanalmente os tesouros patrimoniais, naturais e gastronómicos.

De Pataias a Sobral de Monte Agraço, passando pela mística da Nazaré, pelas ginjas de Alcobaça e Óbidos, o vinho do Bombarral ou o pão-de-ló de Alfeizerão. Até à primavera de 2015 vão ser assim os fins de semana de Tomé Gouveia, um arquiteto de Casal dos Claros, Leiria, que está a dedicar 300 dias a descobrir as grandes atrações e também as preciosidades escondidas da região Oeste. Com uma particularidade: só anda de comboio e de bicicleta.

A estagiar em S. Martinho do Porto, com a linha do comboio a dois passos, Tomé Gouveia somou a isso o interesse por viagens e o gosto em andar de bicicleta: assim nasceu 300 Dias no Oeste. onde exercita a veia de viajante, pesquisador e investigador. “Gosto de ver com os meus próprios os olhos os sítios para os dar a conhecer. E paro muito para falar com as pessoas”.

O resultado é apresentado todas as semanas num blogue, no Facebook e no Instagram, com muitas fotografias, pequenos mapas e curtas reportagens.
Tomé Gouveia arrancou há quase três meses e promete visitar todos os concelhos do Oeste, sem exceção: os do distrito de Leiria e também os distantes, como Alenquer ou Sobral de Monte Agraço.

O ponto de partida é sempre o comboio: Tomé entra em São Martinho e depois leva a bicicleta até uma estação pré-definida, a partir da qual pedala até um destino estudado previamente.

“Tento percorrer sítios que permitam conhecer conteúdos diversificados”, desde a gastronomia ao património, tudo enquadrado pela paisagem do Oeste, que vai da serra ao mar, mantendo muitos traços de outros tempos: as lagoas ou a formação do Baleal, bem documentada no blogue.

“Alguns sítios já conheço, outros fico a conhecer. E já tenho tido várias surpresas”.

Perder peso a comer bolas de berlim

A primeira dezena de viagens revelou muitas preciosidades. Em Cela descobriu a homenagem a Humberto Delgado, em Alfeizerão assistiu à confeção do pão-de-ló e em Coz descobriu-lhe a origem da receita. Na Granja Abbatiale de Valado dos Frades provou as amoras amarelas e o licor de sorva, único no mundo.

No Ateliê do Doce deliciou-se com as bolas de berlim que chegam ao El Corte Inglés e ao Starbucks. No Sobral da Lagoa, onde até os carros têm dificuldade em subir, encantou-se com os edifícios.

“No Oeste há muitas surpresas à espera dos visitantes. Mas o que me surpreende mais até agora são as paisagens”, conta Tomé Gouveia. A maior recompensa foi “descobrir” as pegadas dos dinossauros na Serra do Bouro, ao por do sol, com as Berlengas em fundo.

Apesar das diversas provas gastronómicas que tem feito, Tomé até já emagreceu com os quilómetros pedalados. “Eu faço basicamente cicloturismo. Não faço isto para me cansar, faço-o por gosto. Mas já perdi alguns quilos”.

Nem tudo são facilidades e doçuras: numa das viagens fez mal as contas e atrasou-se bastante a contornar a lagoa de Óbidos: chegou a casa de noite e com o caminho iluminado pelo smartphone.

Para lá dos 300 dias

Um desafio que Tomé Gouveia ainda não conseguiu vencer é viabilizar o projeto comercialmente. “Tentei antes de começar, mas ainda não tinha conteúdos. Agora espero conseguir algumas parcerias com restaurantes, hotéis, pousadas e a própria CP e outras entidades para fazer estas viagens a custo zero”.

Apesar do fim do verão e da chegada do tempo difícil, Tomé promete continuar a pedalar para descobrir o Oeste até 2015. Até porque há um outro objetivo a cumprir:

“Não quero que esta viagem termine ao fim dos 300 dias”. Tomé Gouveia pretende relacionar todo o material que está a recolher e criar algo para o Oeste. “Quero lançar um produto. Tenho várias ideias e quero depois apresenta-las a entidades públicas e empresários da região”.

Pelo caminho, vai tentar aceder aos pedidos dos amigos: “Estão sempre a pedir-me para lhes levar pão-de-ló e bolas de berlim! [risos]”.

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Os mapas do Algarve na Linha do Oeste…

Fazer turismo não é o único objetivo de Tomé Gouveia com o projeto 300 Dias no Oeste. Há uma vertente invisível desta aventura que pode vir a redundar em algo mais que, para já, o cicloturista ainda mantém em segredo. “Isto não é só um blogue de viagens”, sublinha.

“Também faço uma análise, um trabalho interno que não é visível”. Uma vertente, revela, é fazer uma lista de pontos fortes e fracos da região.

“Antes de se lançar uma empresa, por exemplo, é preciso um período de investigação, para que tudo corra bem e se crie algo sólido. É isso que estou a fazer”.

A intenção é identificar uma unidade no Oeste e potenciá-la. Um exemplo: nos percursos de comboio, Tomé descobriu uma falha importante: os mapas das cidades.

“Onde quer que vá, são feios, confusos e difíceis de consultar, além de terem uma apresentação diferente uns dos outros”. Mas a maior bizarria encontrou-a nas carruagens da CP: “Na linha do Oeste, em cima das portas das carruagens está o mapa do Algarve! O que será que acham disso os turistas?”.

Siga as viagens de Tomé Gouveia na internet através do blogue, do Facebook e do Instagram em

300diasnooeste.tumblr.com

facebook.com/300diasnooeste

instagram.com/300diasnooeste

Manuel Leiria
manuel.leiria@regiaodeleiria.pt

(Notícia publicada na edição de 16 de outubro de 2014)


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