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Cultura

mARCIANO: “Comparações com António Variações deixam-me lisonjeado”

Há vida além do rock para Marciano Silva. Depois dos Canker Bit Jesus e dos Canker, o músico de Leiria assume com arrojo a identidade mARCIANO, preparando um disco marcadamente eletrónico.

mARCIANO apresentou-se no festival Clap Your Hand Say F3est Foto: Luís Lacerda/CYHSF

Depois dos Canker Bit Jesus e dos Canker, Marciano Silva prepara o primeiro disco de mARCIANO, projeto onde deixa o rock para trás e pisa com convicção o território da eletrónica, lançando-se, ao mesmo tempo, na composição.

Para atingir o objetivo do primeiro disco, o músico lançou uma campanha de crowdfunding.

Tocou no festival Clap Your Hands Say F3st! e surpreendeu muita gente. Que nova fase é esta de mARCIANO?
mARCIANO é o meu projecto a solo e o resultado de vários desafios. Pela primeira vez dedico-me exclusivamente à composição e não sou apenas a voz e o porta-estandarte de uma banda. Além disso há o desafio de não saber tocar nenhum instrumento, aliando-me às novas tecnologias para poder compor e o desafio de surgir com uma estética mais electrónica, mais pop. Por consequência, mais afastada do rock, que sempre foi a minha área de conforto. E claro, com uma nova imagem, como não poderia deixar de ser.

Quais as suas influências?
A música do vosso planeta. A verdade é que sou um adicto em música de vários géneros: rock, indie, electrónica, industrial, gótico, metal, clássica, tradicional, world music… Com tantas e nenhumas influências, acabo por nunca saber o resultado do meu processo criativo. mARCIANO não foi pré-concebido. Deixei que este “eu” mutante tivesse um crescimento natural. Apercebi-me aos poucos que se estava a alimentar de frutos nunca antes provados. Acho que se deveu ao facto de ter composto a minha música num processo solitário e feito em software musical, onde tive um contacto maior com sintetizadores e não com o formato standard de banda a que estava habituado: voz, guitarra, baixo e bateria. É inegável que a pop electrónica dos anos 80, certas bandas industriais, como Depeche Mode, The Prodigy ou até o último álbum dos Liars (provavelmente a chave de ignição na vontade de criar algo mais electrónico) me influenciaram. A única coisa em mente era continuar a cantar em português e procurar a minha portugalidade no canto – não é a mesma coisa. A electrónica, as canções, o cantar em português e a irreverência, fazem com que sejam compreensíveis as múltiplas comparações com António Variações, que me deixam lisonjeado. Pode ser um cliché mencioná-lo atualmente, mas se tenho comportamentos camaleónicos, também se devem a David Bowie. No fim, relembrou-me que posso fazer a música que eu quiser até ao dia da minha partida deste mundo. É inspirador.

Deixou Leiria e atualmente está a viver em Lisboa. Como se reflete isso neste projeto?
Se não tivesse partido de Leiria, nunca teria explorado as minhas capacidades como compositor. Estive habituado a fazer parte de uma banda e acabava por me embrenhar apenas nas composições geradas por todos no local de ensaio. Em Lisboa, não conhecia ninguém e a certa altura tive a emergência de criar novas músicas, pois não aguento muito tempo privado da minha melhor terapia. Então fui “obrigado” a começar um processo solitário. Além disso, foi em Lisboa que conheci os meus amigos alfacinhas Miguel Cervini e Duarte Cabaça (guitarrista e baterista de Balla), músicos de primeira divisão, que foram os primeiros a acreditar no meu projecto e que agora fazem parte de mARCIANO.

Prepara-se para lançar uma campanha de crowdfunding para o primeiro disco. Em que fase está ele?
O meu objectivo é angariar 2.500 euros, para pagar a gravação, produção e masterização do disco e fabrico dos CDs. Vou começar dentro de dias as gravações, pois é mesmo urgente que tenha música para mostrar. Quem me conhece, sabe que nunca fui de grandes pedidos, mas é agora que necessito do apoio de todos. É um passo muito importante para a minha carreira como músico.

ML

(Notícia publicada na edição de 2 de março de 2017, editada para publicação online)

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