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Centro Hospitalar de Leiria nega falta de material denunciada em estudo da Ordem dos Médicos

Estudo revela “graves carências” de material de proteção em vários hospitais. Centro Hospitalar de Leiria garante que nunca faltou equipamento essencial

Joaquim Dâmaso / Arquivo

Um estudo da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) revela “graves carências” de material de apoio e de proteção no combate à pandemia da Covid-19 no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Segundo as conclusões do estudo, 88% das 1.003 respostas validadas de médicos que trabalham em hospitais e centros de saúde da região apontam para a falta de “pelo menos um tipo de material essencial para o combate à Covid-19”.

“Faltam oxímetros, lanternas, máscaras de oxigénio, otoscópios e estetoscópios, entre muitos outros”, refere a SRCOM, salientando que os resultados evidenciam “o impacto negativo da falta de organização e gestão do sistema de saúde e traz à luz as dificuldades nos hospitais”.

Segundo este estudo, e no que toca ao Centro Hospitalar de Leiria (CHL), 43% dos inquiridos assinalaram falhas de fatos de proteção integral e 12% falta de máscaras cirúrgicas.

Confrontado com este estudo pelo REGIÃO DE LEIRIA, a administração do CHL nega “qualquer registo de falta de equipamento essencial” desde o início da pandemia. “Nem se verificou qualquer carência ou rutura de stock de qualquer tipo de equipamentos de proteção individual (EPI), quer para profissionais, quer para utentes”, destaca.

Referindo desconhecer o referido inquérito, “as condições em que foi realizado”, a sua “fiabilidade” ou “a forma como poderão ter sido tiradas tais conclusões”, o conselho de administração garante ter tomado, “atempadamente, todas as medidas necessárias para reunir o stock necessário deste tipo de produtos”.

Afirmando-se tranquilo quanto à disponibilidade de equipamentos dentro do CHL, acrescenta ter “inclusive” emprestado algum deste material a outras instituições de saúde públicas.

Inquérito abrangeu profissionais hospitalares e de cuidados primários

O inquérito foi realizado durante o mês de abril através de um inquérito anónimo ‘online’ enviado a 10.095 médicos inscritos na SRCOM, que só podiam responder uma vez, para identificação de material indispensável na estratégia de luta contra a Covid-19. Acederam ao questionário 1.602 médicos, tendo sido validadas 1.003 respostas.

De acordo com o estudo, 59% dos inquiridos assumem falta de material geral, 83% apontam para a inexistência de EPI e 62% reportam falta de material ao nível do apoio ao exame clínico.

Relativamente aos EPI, 44% dos clínicos reportam a inexistência de máscara FFP2 ou equivalente, 35% assinalam falta de fato de proteção integral, 35% a proteção de calçado, 31% a falta de bata impermeável e 28% a falta de roupa de circulação hospitalar (fardas de bloco).

Os resultados revelam ainda que, ao nível do apoio ao exame clínico, 30% assumem falta de termómetro de infravermelhos, 19% dizem que não têm oxímetro, 17% assinalam que faltam otoscópios e 18% afirmam não ter estetoscópio.

O estudo denuncia também as diferenças entre hospitais e centros de saúde, com 36% dos médicos que trabalham nos hospitais a reportarem falta de proteção integral, enquanto 47% dos médicos apontam essa falta nos Cuidados de Saúde Primários.

Nos hospitais, 31% dos clínicos assinalam falta de proteção ocular, enquanto nos cuidados de saúde primários essa falha é reportada por 37% dos médicos.

“A título de exemplo, os resultados evidenciam que onde os médicos sentem mais falta de máscaras cirúrgicas é no Centro Hospitalar Cova da Beira (segundo 26% dos inquiridos), logo seguido do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (23%), Centro Hospitalar do Baixo Vouga (19%), Centro Hospitalar Tondela-Viseu (17%) e Centro Hospitalar de Leiria (12%)”, salienta a SRCOM.

Quanto aos fatos de proteção integral, é no Centro Hospitalar de Leiria onde os médicos assinalam mais falhas (43% dos inquiridos), seguido do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (41%), Centro Hospitalar da Cova da Beira (32%), Centro Hospitalar do Baixo Vouga (31%) e Centro Hospitalar Tondela-Viseu (26%).

“Através deste estudo, damos um contributo na missão de defender e proteger os médicos e os restantes profissionais de saúde, bem como toda a população que recorre ao SNS”, assume Carlos Cortes, presidente da SRCOM. Para o dirigente, os números do estudo indicam que a Covid-19 “veio mostrar as graves carências em todo o SNS”.

Segundo Carlos Cortes, “os responsáveis do Ministério da Saúde deverão, face a esta identificação rigorosa, tomar medidas concretas e muito urgentes”. “Esta falta de material é muito grave, sobretudo no momento em que estamos a retomar a atividade. Deveremos aproveitar esta fase para nos prepararmos para novas vagas da doença da Covid-19”, conclui.

com Lusa

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