Um homem acusado de ter matado a companheira em Castanheira de Pera em junho de 2021, disse esta quarta-feira, dia 6, em julgamento que se tratou de um acidente.
“Foi um acidente e foi um acidente”, afirmou o arguido ao coletivo de juízes do Tribunal Judicial de Leiria, no julgamento que decorre na Marinha Grande, no qual está acusado dos crimes de homicídio qualificado, detenção de arma proibida e dois crimes de burla informática e nas comunicações.
Questionado por que razão a versão do crime é hoje de acidente e o que mudou desde que foi ouvido em primeiro interrogatório judicial, o homem, de 60 anos, que está detido preventivamente, declarou que então “queria agravar” a sua situação.
“Hoje estou a fazer uma confissão integral”, garantiu, referindo que o crime “foi por negligência”.
De acordo com o Ministério Público (MP), o homem e a vítima iniciaram uma relação amorosa em meados de 2018, passando em fevereiro de 2020 e até ao dia do crime, 2 de junho de 2021, “a viver como se de marido e mulher” se tratasse, em Castanheira de Pera. Com eles, vivia a filha da vítima, menor de idade.
O MP referiu que em maio de 2021 “a ofendida manifestou ao arguido a intenção de pôr termo ao relacionamento entre ambos, fixando um prazo” para que aquele saísse de casa, o que foi do seu desagrado.
No dia 2 de junho, cerca das 20 horas, os dois, que se encontravam sozinhos em casa, discutiram, tendo a vítima ido para o quarto, onde o arguido tinha uma espingarda de caça que foi buscar.
Após municiar a arma “com pelo menos dois cartuchos de caça”, o homem regressou ao quarto e efetuou dois disparos sobre a companheira, provocando a morte desta.
De seguida, o acusado escreveu numa folha de papel várias frases, folha que colocou sobre o cadáver da companheira, lê-se no despacho de acusação.
Segundo o MP, o arguido desmontou depois a espingarda que colocou em ecopontos e arremessou os cartuchos deflagrados para o recinto exterior de uma escola primária.
Ainda regressou a casa, tendo retirado da carteira desta dois cartões de débito (com os quais acabou por fazer três levantamentos bancários de 200 euros cada) e colocou-se em fuga numa viatura habitualmente usada pelo casal, mas pertença do pai da ofendida.
Acabou por ser detido em 11 de junho, num estabelecimento comercial no concelho de Gondomar (Porto).
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Ao tribunal, o arguido negou que tenha sido fixado um prazo para sair de casa, justificou a posse da arma como uma prenda de Natal da vítima e reconheceu ter havido uma discussão no dia do crime, tendo aquela lhe atirado um computador e um prato.
Na sequência da discussão, o suspeito comunicou que se iria embora naquele momento, mas que iria levar a arma, que estava debaixo da cama, que retirou do estojo.
O detido explicou que a arma ficava sempre municiada durante a noite, dado que o casal vivia num local ermo, mas que retirava os cartuchos todas as manhãs.
De acordo com o suspeito, a vítima atirou-lhe com um comando à cabeça, pelo que se virou, quando se encontrava na sala, com intenção de a assustar, convicto de que “tinha tirado os cartuchos” na manhã desse dia.
“Eu pura e simplesmente não apontei para lado nenhum”, garantiu, rejeitando ainda ter feito os disparos à queima-roupa.
Dizendo saber que o aguarda uma “pena pesada”, que comparou a prisão perpétua, o arguido esclareceu que vai carregar às costas “até morrer” o que fez.
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