Cana-brava, cana-vieira ou cana-do-reino. Elas estão um pouco por todo o lado (onde haja água) e, desde 2017, são oficialmente, espécie invasora em Portugal. Por isso, quando surgiu a ideia para fazer uma exposição, João Pragosa ficou apreensivo: “Não sabia qual a reação das pessoas. São canas menosprezadas, uma invasora”. Afinal, quem poderia querer ver algo feito com canas?
Pelos vistos, muita gente. Tanto que a exposição que está no Posto de Turismo da Batalha foi prolongada devido à afluência de quem quer ver os trabalhos artísticos. “Surpreendeu-me a reação das pessoas”, assume João Pragosa, que investiu muito tempo e saber na produção das obras expostas: 380 horas na criação (“todas desenhadas em AutoCAD”) e produção dos sete originais onde foram utilizados mais de 16 mil anéis da vulgar cana.
Tudo começou antes da pandemia: João remodelava a cozinha de casa dos avós e precisou de testar um disco de corte. Umas canas que eram usadas pelos pais para secar tabaco, abandonadas há mais de 20 anos, serviram de cobaia. Achou piada ao resultado do corte e fez duas flores, “uma para a mulher e outra para a filha”. “Fiquei a pensar: os anéis davam para fazer uma coisa qualquer”.
Dos anéis de cana nascem peças surpreendentes na Batalha
A partir de um material desprezado, João Pragosa construiu durante a pandemia um conjunto de obras que pode ser visto até 5 de junho no Posto de Turismo da Batalha.