Dois estudos realizados por profissionais do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Centro Hospitalar de Leiria (CHL) foram premiados no âmbito dos congressos mundial, europeu e nacional de Medicina Física e de Reabilitação, que decorreram em julho, em Lisboa.
Realizados com coautoria do Serviço de Cardiologia do CHL, com foco no Programa de Reabilitação Cardíaca (PRC), uma terapia que tem por objetivo “acelerar a recuperação após um evento cardíaco agudo e reduzir o risco de recorrência através da prescrição de exercício estruturado, educação, modificação de fatores de risco e otimização de terapêutica farmacológica”.
A taxa de adesão aos PRC é contudo baixa, admite Filipa Januário, médica fisiatra do CHL, citada numa nota de imprensa, notando que “a maioria dos doentes mantém um estilo de vida sedentário e hábitos prejudiciais”.
Segundo a especialista, que orientou os dois trabalhos premiados, “um dos obstáculos à adesão é a falta de autoconfiança dos doentes, tendo sido proposto que, aproveitando a crescente literacia digital da população, o uso de aplicações móveis pode ser eficaz na mudança de estilo de vida”.
Os dois serviços desenvolveram assim com o Politécnico de Leiria uma plataforma de telemonitorização incluída na aplicação móvel MOVIDA.eros, que visa a prescrição médica de exercício físico e a interação remota com os doentes. O projeto foi objeto de avaliação, tendo dois dos estudos incidido no efeito do uso do Movida.eros em doentes que cumpriram PRC após enfarte agudo do miocárdio.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>José Bernardo Ferreira, médico interno do CHL, foi distinguido com o segundo o segundo prémio atribuído pela Sociedade Europeia de Medicina Física e de Reabilitação no âmbito do Concurso Científico TransEuropeu. O estudo “Hybrid cardiac telerehabilitation after acute coronary síndrome: adherence predictors and outcomes” pretendeu avaliar o efeito de um Programa de Reabilitação Cardíaca Convencional (PRCC) e outro Híbrido (PRCH), usando o Movida.eros. “Ambas as intervenções foram eficazes, mas o PRCH mostrou ser superior ao PRCC nos índices de atividade física e na qualidade de vida dos doentes”, refere o CHL na mesma nota.
Rita Santos, médica interna da especialidade, recebeu por seu turno uma menção honrosa no Congresso da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação pelo trabalho “Impact of baseline cardiovascular risk in the efectiveness of conventional and hybrid cardiac rehabilitation programs”, que avaliou o impacto do risco cardiovascular nos níveis de atividade física e qualidade de vida nos doentes que cumpriram um PRCC versus PRCH, usando também o Movida.eros. “Concluiu-se que os doentes de baixo risco têm maior benefício que os de moderado-alto risco, sendo este maior nos doentes que cumpriram PRCH”, adianta o CHL.
“Os dados destes estudos favorecem a inclusão de uma plataforma móvel que permita a supervisão e a interação dos doentes durante o programa hospitalar e após o fim do mesmo. Desta forma, potencia-se a adesão à prática de exercício físico, fomentando a melhoria dos hábitos de saúde e prevenindo a doença”, sublinha ainda Filipa Januário, ao destacar também o facto de o CHL ser “um dos poucos centros com experiência em telemonitorização digital”.
Mafalda Bártolo, diretora do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do CHL, realça por sua vez a progressiva diferenciação do serviço e a atribuição de idoneidade formativa desde 2015, que considera serem “as principais alavancas para o crescendo da investigação clínica do serviço” que “obriga a uma atualização permanente e a uma correta análise de dados, o que, inevitavelmente, resulta numa melhoria contínua da qualidade nos cuidados prestados aos doentes”.