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Cultura

Câmara de Leiria negoceia terrenos na zona onde foi descoberta “Criança do Lapedo”

Segundo Gonçalo Lopes, “além destes terrenos, está em curso a negociação para aquisição de mais três hectares, no Vale do Lapedo”.

O Município de Leiria está a negociar com proprietários de terrenos da área onde há 25 anos foi encontrada a “Criança do Lapedo”, no Abrigo do Lagar Velho, para valorizar a zona, foi hoje anunciado.

“A Câmara tem vindo a negociar com os proprietários dos terrenos e áreas envolventes da zona onde foi realizado o achado, numa área de cerca de dois hectares, um trabalho ainda em curso, no sentido de encontrar a melhor solução possível para a valorização daquela área”, afirmou à agência Lusa Gonçalo Lopes.

Segundo o autarca, “além destes terrenos, está em curso a negociação para aquisição de mais três hectares, no Vale do Lapedo”.

A “Criança do Lapedo”, que passou a ter esta designação por se desconhecer o seu género (anteriormente era “Menino do Lapedo), é um esqueleto com cerca de 29 mil anos descoberto em 28 de novembro de 1998, no Abrigo do Lagar Velho, no Vale do Lapedo, em Santa Eufémia, a 10 quilómetros de Leiria.

A descoberta marcou a paleoantropologia internacional, por se tratar do primeiro enterramento Paleolítico escavado na Península Ibérica e porque a criança apresenta traços de “neandertal” e de “homo sapiens”.

Em 28 de março de 2022, a autarquia divulgou que pretendia iniciar o processo para comprar terrenos na área onde foi descoberto o esqueleto.

“(…) Pretende-se lançar o processo para a aquisição dos terrenos do Monumento Nacional do Abrigo do Lagar Velho e do Centro de Interpretação do Abrigo do Lagar Velho, para defesa do superior interesse público, para além de impulsionar e incrementar diversos trabalhos e colaborações, numa lógica de aprofundamento da investigação em torno de um dos mais emblemáticos sítios que integram o património arqueológico de Leiria”, referiu então o Município de Leiria.

Cerca de um mês antes, em 19 de fevereiro, a Câmara informou que o sítio arqueológico Abrigo do Lagar Velho tinha sofrido atos de vandalismo.

Na ocasião, a autarquia esclareceu que foi apresentada queixa à Guarda Nacional Republicana e relatada a situação à Direção-Geral do Património Cultural e à Direção Regional de Cultura do Centro.

Segundo a Câmara, “os danos causados pelo vandalismo” foram sobre “o denominado Testemunho Pendurado e não no ‘Menino do Lapedo’”.

O “Testemunho Pendurado”, com cerca de 60 cm de espessura, preenche uma fissura estreita e alongada, na parede de fundo do abrigo cortada pela terraplanagem, situada 1,2 a três metros acima da superfície artificial do terreno. Os depósitos vieram a revelar contextos arqueológicos datados entre 24 mil e 26 mil anos.

O Ministério Público abriu um inquérito para investigar o vandalismo, que arquivou posteriormente por ausência de indícios sustentáveis que permitam imputar a determinada pessoa a autoria dos factos.

De acordo com informação da Câmara, não há registo de novos atos de vandalismo.

Em 2013, o Abrigo do Lagar Velho foi classificado como Monumento Nacional e o Vale do Lapedo como Zona Especial de Proteção.

Já em 2021, o esqueleto da “Criança do Lapedo” e artefactos arqueológicos associados foram classificados como bens de interesse nacional, com a designação de “tesouro nacional”.


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