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Leiria

Novos fósseis da Mina da Guimarota em Leiria apresentados hoje em conferência

A conferência pretende pôr à conversa quem trabalhou e conheceu a mina e apresentar o conteúdo de pequenos fragmentos de carvão da mina.

O fóssil do Henkelotherium guimarotae é o mais relevante de todos os achados estudados até ao momento LNEG

Novos fósseis encontrados na Mina da Guimarota, em Leiria, onde as descobertas incrementaram o conhecimento sobre a História da Terra, vão ser apresentados este sábado, numa conferência na qual se vai abordar, também, a exploração de carvões.

“Será divulgado o conteúdo de pequenos fragmentos de carvão da mina (lignite), contendo fósseis de vertebrados, recentemente estudados, com recurso a novas técnicas de investigação, nomeadamente microtomografia computorizada com elevada resolução”, afirmou Anabela Graça, vereadora da Câmara de Leiria, entidade que coorganiza a conferência “Um olhar sobre a Mina da Guimarota: as suas gentes, o seu interesse patrimonial e novos dados sobre a investigação paleontológica”.

Numa resposta escrita à agência Lusa, a vereadora, que tem o pelouro da Cultura, salientou que o carvão da Mina da Guimarota possibilitou “a preservação de um inúmero e variado conjunto de fósseis que foram recolhidos e estudados por cientistas, na maioria alemães, durante vários anos, permitindo a reconstituição do ambiente de há cerca de 150 milhões de anos na zona”.

A conferência, no Museu de Leiria, entre as 15h30 e as 17h30, está associada ao Dia Nacional da Cultura Científica e Dia Mundial da Ciência, que se assinalou ontem, e integra duas apresentações, de Anabela Veiga, professora no Departamento de Engenharia Civil do Instituto Politécnico de Leiria, e de Bruno Camilo Silva, Vitor Carvalho e Edgar Mulder, do Centro de Investigação em Paleobiologia e Paleoecologia da Sociedade de História Natural de Torres Vedras.

“Sobre o tema da exploração de carvões e os fósseis encontrados na Mina da Guimarota, pretende-se pôr à conversa quem trabalhou e conheceu a mina – um importante sítio paleontológico e especialmente famoso pelas descobertas de fósseis vertebrados do Jurássico Superior -, assim como apresentar o conteúdo de pequenos fragmentos de carvão da mina, recentemente estudados”, divulgou o município.

Segundo a autarquia, “além do conteúdo fóssil encontrado, a mina foi importante, quer para as pessoas que trabalharam no seu interior, ou à superfície, escolhendo os fragmentos de carvão, quer para os que viviam na sua proximidade, em especial as crianças que, curiosas, iam acompanhando os investigadores estrangeiros que ali passavam temporadas”.

Questionada sobre se as galerias abertas no subsolo, à época da exploração mineira, apresentam hoje algum risco para a integridade do que está à superfície na zona da Guimarota, Anabela Graça respondeu que “a mina não é segura para ser visitada, pois, além de estar parcialmente inundada e pouco oxigenada, podem existir gases tóxicos libertados pelos carvões”.

Já sobre se a Câmara, de maioria socialista, tem intenção de dar seguimento à proposta do PSD, defendida em 2019, de criação de um museu na mina, Anabela Graça referiu que, “neste momento importa fazer um diagnóstico da situação da mina e uma avaliação por entidades competentes, e aprofundar o conhecimento científico”.

Quanto a projetos futuros, a autarca apontou que “existe intenção de que uma das próximas exposições temporárias do Museu de Leiria contemple alguns dos fósseis originais da Mina da Guimarota e/ou réplicas”.

“Para tal, serão estabelecidos contactos com investigadores em paleontologia e engenharia geológica, bem como com o Museu Nacional de História Natural e da Ciência e o Museu Geológico do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, onde se encontram alguns dos fósseis”, explicou, acrescentando que “existe intenção ainda de registar as memórias das pessoas que viveram a mina, de forma a preservar para o futuro esta identidade”.

Em 9 de julho de 2019, os vereadores do PSD apelaram à Câmara de Leiria que torne possível que a Mina da Guimarota seja considerada um geomonumento.

“Devemos tornar a própria mina da Guimarota num geomonumento, classificado do ponto de vista legislativo. Quando falamos em investir, podemos fazer uma amplificação deste património que a médio/longo prazo vamos capitalizar. Além da importância científica, em termos económicos vamos capitalizar muito, porque virão pessoas de todo o mundo para estudar estes achados da Guimarota”, salientou o vereador do PSD Álvaro Madureira (agora independente).

O vereador defendeu na ocasião que as galerias da mina deviam ser “tornadas num museu visitável, com condições de segurança”.

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