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Óbidos

Mariscadores pedem intervenção urgente para reabrir ligação da Lagoa de Óbidos ao mar

O presidente da Associação de Pescadores e Mariscadores da Lagoa de Óbidos teme que a inexistência de água salgada na lagoa não permita aos pescadores exercerem a sua atividade, novamente.

Foto: CMO

A Associação de Pescadores e Mariscadores da Lagoa de Óbidos (APMLO) pediu esta quarta-feira a intervenção urgente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para reabrir o canal de ligação ao mar.

A “aberta”, canal que liga a Lagoa de Óbidos ao mar, “fechou ontem [terça-feira] por volta das 17 horas”, situação para a qual a associação “já vinha alertando há muito tempo” e que “está a deixar os pescadores muito preocupados”, afirmou o presidente da APMLO, Sérgio Félix, numa conferência de imprensa na Foz do Arelho, no concelho das Caldas da Rainha, distrito de Leiria.

A preocupação prende-se com o facto de “neste momento não existir qualquer canal aberto para a entrada de água”, explicou o presidente da associação, temendo que a inexistência de água salgada no corpo da lagoa “leve a que os pescadores, que já estiveram três meses impedidos de pescar, voltem a não poder exercer a sua atividade por falta de qualidade da água”.

A pesca na Lagoa de Óbidos esteve interdita entre setembro e o dia 12 de dezembro de 2023, depois de as análises terem detetado a existência de toxinas na água, deixando “80 famílias sem poderem assegurar o seu rendimento e sem receberem qualquer ajuda”, disse Sérgio Félix, lamentando que os pescadores não tenham recebido “o fundo de compensação, que ronda os 400 euros mensais”.

No entender dos pescadores, já então “a falta de qualidade da água aconteceu porque a ‘aberta’ não estava a cumprir a sua função em condições, devido ao assoreamento, que não permitia a entrada de água salgada em quantidade suficiente” para assegurar a sobrevivência dos bivalves.

O agravamento do assoreamento da lagoa levou a APMLO a pedir uma reunião com as secretarias de Estado das Pescas e do Ambiente, com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e com Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), cujos responsáveis efetuaram, há duas semanas, uma visita de barco àquele ecossistema.

A secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, disse na altura à agência Lusa que a reunião técnica juntou “todas as entidades na mesma mesa” para “tentar solucionar um problema que é de todos e que é uma questão urgente”, visando “encontrar uma solução que resolva de forma definitiva ou uma solução de continuidade” para os problemas de assoreamento da lagoa.

Após o fecho da “aberta”, verificado ao final da tarde de terça-feira, a APMLO e os presidentes das autarquias das Caldas da Rainha e de Óbidos já pediram uma intervenção urgente por parte da APA, entidade responsável pelas dragagens.

“A APA é que tem os técnicos e a competência para avançar com uma solução para reabrir o canal, mas até ao momento não deram qualquer resposta”, afirmou o presidente da associação, sustentando que “se não houver uma intervenção nas próximas horas, com a previsão de chuva e de mais entrada de água doce, a pesca venha a ser de novo interditada”.

A Lagoa de Óbidos é o sistema lagunar costeiro mais extenso da costa portuguesa, com uma área de 6,9 quilómetros quadrados que fazem fronteira terrestre com o concelho das Caldas da Rainha a norte (freguesias da Foz do Arelho e do Nadadouro) e com o concelho de Óbidos a sul (freguesias de Vau e de Santa Maria).

A lagoa foi, em 2015, alvo de uma primeira fase de dragagens em que foram retirados 716 mil metros cúbicos de areia.

A segunda fase das dragagens só foi concluída em 2022, numa empreitada de 14,6 milhões de euros para retirar 875 mil metros cúbicos de areia, ao longo de 4.000 metros de canais e 27 hectares de bacias daquele ecossistema, onde ciclicamente é preciso intervir para manter a ligação ao mar.

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