A companhia Leirena Teatro, de Leiria, vai desenvolver um novo projeto teatral em 2025 em Paraná e Santa Catarina, no Brasil, e na Guiné-Bissau, revelou o diretor Frédéric da Cruz Pires.
O novo espetáculo vai chamar-se “Iks” e será desenvolvido em residência com a comunidade indígena brasileira, explicou o encenador.
“É sobre uma tribo africana, do Uganda, que perde o seu território por questões políticas e é posta num terreno que não tem terra fértil nem animais e de onde não podem sair”, afirmou.
Desse teste à natureza humana naquele contexto, “de repente, um povo que era cooperativo, passa a ser individualista, por questões de sobrevivência”, acrescentou.
A ideia para a nova peça nasce “da individualidade extrema a que estamos hoje a assistir, de onde nascem estas manifestações de populismo que vemos”, defendeu Frédéric da Cruz Pires. “Por isso decidimos fazer esta ponte entre Portugal, Brasil e Guiné-Bissau”, complementou.
Num primeiro momento, entre fevereiro e março de 2025, o Leirena Teatro vai trabalhar com a comunidade indígena brasileira do Paraná e de Santa Catarina, mediante uma parceria com a organização ArpinSul – Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul, que dá apoio às tribos do sul do Brasil.
No Brasil, a par da preparação da nova peça, a companhia portuguesa apresentará espetáculos comunitários, envolvendo a população local.
“Este é um trabalho de teatro de intervenção, porque o povo brasileiro, na sua maioria, não sabe o que se passa com as tribos indígenas: eles estão a ser agredidos, chacinados, assassinados pelos fazendeiros nos seus próprios terrenos indígenas, estão a ser despejados da sua própria casa”, lamentou o encenador.
Depois do Brasil, haverá nova residência artística na Guiné-Bissau, preparando a versão final de “Iks”, cuja estreia está agendada para 16 de maio de 2025, em Ponte de Lima, no Teatro Diogo Bernardes.
Entretanto, já a partir de domingo, o Leirena internacionaliza o seu trabalho pela primeira vez, com uma viagem à Arábia Saudita para trabalhar com os portugueses que vivem na capital, Riade.
Entre 29 de setembro e 4 de outubro, a estrutura desenvolve um projeto de teatro e comunidade, intitulado “Colmeia”, modelo que o grupo de teatro tem levado a vários municípios portugueses.
Daí vão resultar dois espetáculos, envolvendo crianças, adolescentes e adultos que vivem na Arábia Saudita e que serão apresentados na gala da comunidade portuguesa, em Riade.