Cinco exposições e duas mesas redondas sobre liberdade de expressão assinalam, nas Caldas da Rainha, os 150 anos da criação da figura critica Zé Povinho, por Rafael Bordalo Pinheiro.
A personagem, criada em 1875 por Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e que atravessou diferentes regimes, da Monarquia à República, da ditadura ao pós-25 de Abril, será evocada na exposição “Zé Povinho 1875–2025: 150 anos de sátira, resistência e identidade popular”, que abre portas no Centro Cultural e de Congressos (CCC) das Caldas da Rainha, no próximo dia 28.
A mostra, com curadoria do designer Jorge Silva, celebra a figura da sátira portuguesa, através de uma seleção de publicações e obras originais de nomes do cartoon português como Stuart Carvalhais, José Vilhena, João Abel Manta, André Carrilho, Cristina Sampaio, entre outros.
A seleção está integrada no Salão Bordallo 2025 que conta com a contribuição de instituições públicas e colecionadores privados que disponibilizaram obras, entre as quais o Museu da Presidência da República, o Museu Bordalo Pinheiro, o Museu da Cerâmica, e os colecionadores Isabel Castanheira, Joaquim Saloio, Norberto Correia, Biblioteca Silva, Luís Vilhena e família João Abel Manta, divulgou o CCC.
A exposição, que ficará patente até ao dia 28 de setembro, conta com um catálogo de 240 páginas com textos do curador Jorge Silva, do diretor do Museu Bordalo Pinheiro, João Alpuim Botelho, da historiadora de arte Raquel Henriques da Silva e da livreira Isabel Castanheira, autora de obras sobre Bordalo Pinheiro.
Além da exposição principal, o programa comemorativo vai estender-se a vários espaços das Caldas da Rainha, onde Bordalo fundou, em 1884, a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, ligando o seu nome à cidade.
Entre as iniciativas previstas, o CCC divulgou a realização de outras três exposições alusivas ao Zé Povinho, a realizar nos três agrupamentos escolares do concelho e “com conteúdos mais adaptados ao público jovem”, refere o comunicado.
Uma outra exposição, ainda sem data definida, ficará patente na Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha, com base no acervo próprio.
Duas mesas-redondas sobre liberdade de expressão, sátira política e cidadania ativa, com intervenientes das areas do jornalismo, ilustração, história e educação, são outras das iniciativas a realizar no CCC, no âmbito dos 150 anos da figura publicada pela primeira vez no dia 12 de junho de 1875, nas páginas centrais do jornal A Lanterna Mágica.
O personagem, que ainda hoje representa o povo português, está também a ser evocado no Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, que desde o passado sábado incluiu na sua nova exposição permanente uma sala dedicada exclusivamente ao Zé Povinho.
Já antes, em 12 de junho, o museu lançou uma página online dedicada à evolução de Zé Povinho, desde os tempos de Bordalo à atualidade, com dezenas de imagens criadas por vários autores.
Em novembro, será inaugurada uma exposição temporária constituída por “Zés Povinhos”, desde o século XIX aos dias de hoje, também com curadoria do designer Jorge Silva.
