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Opinião: 11/11/11

O fascínio dos norte-americanos pela Europa é muitas vezes argumento de filmes, romances e histórias de finais mais ou menos felizes. Refere-se Londres, Berlim, Roma, Barcelona ou até de Lisboa mas e se vos dissesse, quase em segredo, que uma “cantautora” nascida perto de Nova Iorque, que acabou por gravar um disco em Paris, acabou por se fixar em Leiria?

Hugo Ferreira. hjferreira@gmail.com

O fascínio dos norte-americanos pela Europa é muitas vezes argumento de filmes, romances e histórias de finais mais ou menos felizes. Refere-se Londres, Berlim, Roma, Barcelona ou até de Lisboa mas e se vos dissesse, quase em segredo, que uma “cantautora” nascida perto de Nova Iorque, que acabou por gravar um disco em Paris, acabou por se fixar em Leiria?

Acarinhada pela revista “Les Inrockuptibles” ou pelo Blogotheque, Erica Buettner veio dar três concertos pelo nosso país e acabou por se apaixonar por Portugal (e especialmente por um português, seguindo-o até Leiria), onde vive e compõe numa casa antiga e lindíssima bem junto ao rio, numa espécie de “exílio voluntário”.

Ainda aprende o português e não sabe se Leiria é um destino ou uma passagem mas sente-se bem na cidade que descreve de “muito bonita mas um pouco fechada para quem chega de fora e não conhece ninguém”.

Assustou-se quando viu uma plateia tão reduzida numa peça de teatro e não conhece as redondezas porque não tem carro. Depois de outra digressão por seis países a promover o seu disco, só agora resolveu que estava na altura de se mostrar à cidade. No próximo dia 11 do 11 do 11, num espaço que adorou e que quer apoiar, o Ateneu.

Por cá ainda ninguém a tinha descoberto mas resolveu ir sozinha e bater à porta do sítio que escolheu e dizer o que queria e como acreditava que o conseguia fazer e não deixa de ser curioso como num par de meses alguém que chega sem amigos nem referências parece entender (melhor do que a esmagadora maioria dos que cá vivem) que, para fazer o circo, temos que montar a tenda e contar com ventos fortes. Antes de tocar já merece o aplauso!

(texto publicado na edição em papel de 28 de Outubro de 2011)