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A propósito: E os afetos?

Como professora bibliotecária, cumpre-me promover a leitura.

Leonor Lourenço, Professora bibliotecária leonorplourenco@gmail.com

Como professora bibliotecária, cumpre-me promover a leitura. Por isso, desloquei-me a várias escolas em vésperas do dia do pai, apresentando o livro “Pê de Pai” de autoria de Isabel Minhós Martins e de Bernardo Carvalho, cuja editora, “Planeta Tangerina”, recebeu o prémio de melhor editora europeia de livros para a infância”, na 50ª Feira do Livro Infantil em Bolonha. O livro apresenta, através da ilustração, vários “tipos de pais” com os quais as crianças poderiam identificar o seu.

Pretendia, ainda, desenvolver nelas a criatividade. Sugeri que imaginassem um título que se adequasse ao seu pai, justificando-o com um desenho e um texto. Surgiram nomes tão inesperados como “pai chinelo” porque me leva em cima dos pés, “pai passarinho” porque canta para mim, ”pai palhaço” porque me faz rir, “pai estrangeiro” porque está sempre lá fora. Após este último, vários alunos referiram que o mesmo acontecia com eles. E assim me dei conta de que num grupo de vinte e cinco crianças, cinco delas tinham pais emigrantes. Lamentando a situação junto de colegas, constatei que a ocorrência era bem maior do que eu imaginava. E ficam no ar estas perguntas: E o tempo para os afetos, para as infâncias perdidas, para os momentos irrecuperáveis? E lamentei a razão que obriga a família a dispersar-se, para que possa sobreviver!

(texto publicado a 11 de abril de 2013)