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A propósito: Um abraço

Correu as redes sociais e teve impacto. Na rua, um grupo de jovens, diri­gia-se às pessoas, com um simples cartaz: “Oferecem-se abraços”.

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Leonor Lourenço, professora bibliotecária leonorplourenco@gmail.com

Correu as redes sociais e teve impacto. Na rua, um grupo de jovens, diri­gia-se às pessoas, com um simples cartaz: “Oferecem-se abraços”. No início, as pessoas estranhavam e até evitavam participar em tão inusitado ato. No entanto, poucos minutos depois, alguém mais destemido aceitou o repto, até se criar um clima generalizado de afeto e cumplicidade, ao ponto de os promotores desta ação já nem necessitarem de se colocarem em frente às pessoas ou até de correr atrás delas. Eram agora as pessoas que procuravam um abraço. Julgo que ninguém poderá afirmar jamais ter sentido necessidade de um abraço, assim como ter tido a necessidade de o dar a alguém. Na verdade, sem o afeto teríamos uma existência incompleta e amargurada.

Em todos os momentos da nossa vida tudo é mais agradável num clima de ternura. Nesta época, quase natalícia, sinto-me, como grande número de pessoas, mais sensível e vêm-me à memória momentos em que um abraço fez muita diferença. Recordo uma senhora internada no hospital onde eu era voluntária, cujos familiares deixaram de a visitar, e da forma triste como me pediu: “dê-me um abraço”. A seguir, estas palavras, que ainda ecoam em mim: “Olhe, obrigada. Obrigada e… desculpe.”

Tentei controlar as emoções e apenas sorrir, escondendo uma lágrima no abraço forte que lhe dei.

(texto publicado na edição de 21 de novembro de 2013)