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rosto do professor da universidade de estocolmo francisco lacerda

Francisco Lacerda

Professor na Universidade de Estocolmo

Exclusivo

Culturas de trânsito

Na Suécia, o instrutor pediu-me que levasse o carro para um destino próximo, dizendo-me que conduzir já eu sabia. O importante agora era o meu comportamento no trânsito. Ótimo, pensei eu, isto vai ser canja!

Quando em 1986 conheci a minha futura companheira de vida, eu morava há mais de seis anos na Suécia sem ainda ter registado a carta de condução portuguesa que eu só continuava a usar durante as férias em Portugal. Mas como a minha namorada tinha um Volkswagen, carocha, de 1962 que o avô lhe tinha dado, tornou-se importante ter uma carta sueca para que ambos pudéssemos usar o carro. Como eu já guiava desde 1973, pensei que seria simples pedir o reconhecimento da carta portuguesa. E teria sido uma formalidade se eu tivesse requerido essa equivalência durante o primeiro ano na Suécia mas agora era preciso ser aprovado num novo exame para ter uma carta de condução sueca. Achei isso um desperdício de tempo e dinheiro mas, contrariado, lá me inscrevi numa escola de condução e parti para uma primeira lição numa zona calma de Estocolmo, num carro sem volante duplo do lado do instrutor, só com pedais. O instrutor pediu-me que levasse o carro para um destino ali próximo dizendo-me que conduzir já eu sabia e que o importante agora era o meu comportamento no trânsito. Ótimo, pensei eu, isto vai ser canja!