É engraçado como nos meteram na cabeça que Portugal era um jardim à beira mar plantado. E nós acreditámos. Talvez por isso, nós, os jardineiros, pouco façamos para manter os canteiros, os pátios e as varandas do tal “jardim”.
Ora bem…. Para fins turísticos dá jeito dizer que sim, que somos um jardim à beira mar plantado.
Vejamos a cara dos turistas quando desembarcam no aeroporto de Faro e vão para o Hotel, esse sim, à beira-mar mal plantado, num sítio onde há uma dúzia de anos havia umas dunas e parte dum areal!
E as nossas frondosas florestas?
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Pois é… são bonitas, com os eucaliptos todos alinhadinhos prontos para alimentar as fábricas de celulose que mais ninguém na Europa quer! Dos extensos pinhais de há vinte anos, resta o de Leiria e poucos mais. Sim… esse mesmo que D. Dinis mandou plantar há 700 anos e que, ano após ano, também se vai reduzindo.
Pelo caminho que as coisas levam, qualquer dia temos meia dúzia de pinheiros cercados de arame farpado com uma placa a rezar assim: “Amostra do que foi o Pinhal de Leiria, mandado plantar por el-rei D. Dinis em 1289”. E à sua volta, turistas… e visitas de estudo de escolas que, após uma breve explicação correm para uma pizzaria e uma loja de hambúrgueres estrategicamente construídas a 50 metros da autoestrada e a 50 metros deste resto de pinhal, outrora à beira-mar plantado!
(texto publicado na edição de 17 de outubro de 2013)