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Mulher 3.0: Portugalices

O dia de Portugal passou-me ao lado. O jogo da Rússia também. E já realmente não gosto tanto de caldo verde comparando como há uns anos atrás.

Catarina Gomes, jornalista catarina.gomes.junior@gmail.com

O dia de Portugal passou-me ao lado. O jogo da Rússia também. E já realmente não gosto tanto de caldo verde comparando como há uns anos atrás. Será que estou a perder a minha “portugalidade”? Ou será que perdi a minha “portugalice”? Ou será que realmente perdi o juízo? Os meus amigos confirmam o atestado médico, e acusam-me de fugir às normas sociais. Eu evado-me e monto um teatro em casa onde mostro a qualquer interessado o “kit emigrante” completo: é o frasco de piri-piri da Casa da Avó, o pacote de arroz carolino do Pingo Doce, e o pote de mel de Porto de Mós. Ainda assim ainda não sou digna de carregar a etiqueta “tuga” e nem mesmo o meu mais recente esforço de ver o jogo do Benfica contra o Chelsea em Amesterdão convenceu o meu povo da minha fidelidade à nação. Este desejo de shots de adrenalina nacional fazem-me pensar no que nos define como povo português: será o futebol? A comida? A forma de pensar? O que lhe parece, caro leitor? Recorrer a clichés é fácil, e eu quero desesperadamente arranjar um só para mim. Sim, já percebeu: tenho saudades de casa! Tenho saudades dos gajos portugueses em Amesterdão a comentarem as fintas fantásticas do Cardoso. Tenho saudades de ver esses tais clichés ao vivo e a cores. Caro leitor, já lhe provei o meu gosto pelo nosso país? Fico à espera do selo de qualidade nacional.

(texto publicado a 13 de junho de 2013)