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Opinião: Encarar o devir

Em equipa muito boa, como a do Orfeão atual, não haver suficiente argúcia no motivar e manter alta e perene a onda de motivação, ou existir a ilusão de a tarefa ser auto motivadora, e que o indivíduo alvo já está “apanhado”, bastando incluí-lo numa grelha de rotinas já condimentada, adeus liderança, adeus resultados! Liderar uma equipa de luxo exige muito mais maleabilidade e inteligência.

Henrique Pinto, presidente do Orfeão de Leiria - Conservatório de Artes

Em equipa muito boa, como a do Orfeão atual, não haver suficiente argúcia no motivar e manter alta e perene a onda de motivação, ou existir a ilusão de a tarefa ser auto motivadora, e que o indivíduo alvo já está “apanhado”, bastando incluí-lo numa grelha de rotinas já condimentada, adeus liderança, adeus resultados! Liderar uma equipa de luxo exige muito mais maleabilidade e inteligência.

Um dos dramas do associativismo em geral em Portugal é ainda só se aguentar com lideranças fortes, experientes, continuadas. A regra é, pouco tempo volvido sobre a tomada de posse, já reinaram disputas, dissensões, guerra nos jornais. Daí ser muito restrito o número das que fora do desporto profissional (os que podem fazer dívidas e não as pagar) têm alguma obra consistente.

Cultura é tudo o que (material ou simbólico) permite criar e desenvolver o máximo de potencialidades no indivíduo e na coletividade, estéticas e artísticas, éticas e políticas. Obviamente que as circunstâncias difíceis do presente e devir, no empobrecer dos valores do espírito como um bem social, a baixa expectativa das famílias face ao custo de vida e ao futuro dos filhos, etc., ditam a premência em encontrar caminhos novos na cultura e na instituição. Urge rever conceções de: planeamento estratégico; diversificação de modelos (o aumento do volume de alunos no ensino privado é uma prioridade); fortalecimento da qualidade escolar e artística (ministrar o ensino profissional autonomamente e não exclusivamente em articulação com agrupamentos de escolas); cursos inovadores para todas as idades; reforço do ensino sénior profissional e do projeto oficina; redimensionamento institucional; sistematização da produção; reforço da qualidade coral pela manutenção na primeira divisão dos corais portugueses, algo muito difícil nos dias de hoje, de molde a poder-se competir ao mais alto nível. A organização de um certame internacional nesta área, projeto antigo, pode surgir agora.

(texto publicado na edição em papel de 17 de fevereiro de 2012)