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Opinião: Maçonaria e Secretas

Nos últimos dias tem-se discutido publicamente a Maçonaria a propósito das suas ligações aos serviços secretos da República que ultimamente têm sido pouco secretos.

Nos últimos dias tem-se discutido publicamente a Maçonaria a propósito das suas ligações aos serviços secretos da República que ultimamente têm sido pouco secretos. A natureza das organizações secretas, formais ou informais, quer sejam do Estado ou da sociedade, é o seu secretismo, como diria La Palisse.

Fernando Gonçalves maravilha1962@gmail.com

É suposto saber-se o “mínimo dos mínimos” dos serviços secretos. Enquanto cidadão, a única coisa que me interessa é que eles sejam o mais eficazes possível sem nunca pôr em causa a essência do Estado de Direito Democrático. Longe vão os tempos em que os serviços secretos serviam em primeira linha para descobrir a ficha clínica do Bresniev ou das simpatias comunistas das estrelas de Hollywood. Hoje, é não só legítimo como imperativo que os serviços secretos ajudem, o máximo que puderem, os interesses empresariais estratégicos. Todos o fazem pelo mundo fora e se os nossos não o fizerem (e bem) estaremos muito mal no jogo económico mundial.

A Maçonaria, por sua vez, não sendo uma criação da portugalidade nem, obviamente, um exclusivo nosso, torna quase caricatural a discussão em torno das suas regras e do seu modo de funcionamento. A Maçonaria nem sequer é um fenómeno recente embora possa ser uma moda, ou até um modo de vida, pois essa agremiação, como outras, para mal de todos nós, não passa (demasiadas vezes) de uma “central de influências” em que a nobreza dos seus valores, ideais e princípios é completamente subvertida.

Devo dizer que tenho o maior respeito pelas crenças dos meus concidadãos pelo que não censuro convicções religiosas, filosóficas ou políticas.
Goste-se ou não, as sociedades secretas, criação da humanidade, direi eu, do Grande Arquitecto, dirão os seus seguidores, são universais e milenares e não vão acabar tão cedo. Estou convicto que nesse capítulo as coisas perdurarão durante séculos tal como hoje as conhecemos.

A questão aqui é, ou devia ser, outra. O actual debate devia recentrar-se na obrigação, ou não, dos titulares de cargos políticos, sujeitos a escrutínio eleitoral, terem de declarar se pertencem a uma qualquer sociedade secreta.

Quando li a notícia do Expresso a dar conta que há sete maçons na bancada parlamentar do PS e outros tantos na do PSD perguntei-me se o jornalista não quereria dizer que há sete em cada fila. E no PCP e BE não há esse número porque não são tantos. Contra isso não tenho nada, gostaria é que como cidadão e eleitor, eles (e os da Opus Dei) se assumissem. Grandes nomes da maçonaria e da política como António Arnault já o fizeram, era bom que os outros, os políticos do activo, lhe seguissem o exemplo.

Parece uma insanável contradição, mas não é. A pessoa que envereda pela vida pública deve ter o ónus de revelar a que organizações pertence, que ligações económicas tem e relativamente a que grupos de interesse.

Se é verdade que a natureza das sociedades secretas é o seu secretismo, a natureza da vida pública é, ou deveria ser, a publicitação de informações que os eleitores têm o legítimo interesse, e por isso, o direito a saber.