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Palavras sem amarras: Doce de chila

No antigo Convento de Santana, entre muitas outras atividades espirituais e temporais, faziam-se compotas e vários tipos de doces.

Graça Poças Santos, professoragraca.santos@ipleiria.pt
Graça Poças Santos, professora graca.santos@ipleiria.pt

No antigo Convento de Santana, entre muitas outras atividades espirituais e temporais, faziam-se compotas e vários tipos de doces. Aqui, como em outras instituições de religiosas, essa tarefa estava presente e era muito apreciada pela comunidade que os adquiria. Para além das freiras, também havia outras senhoras, as denominadas recolhidas (era comum isto acontecer em situações de viuvez, orfandade, etc.), que viviam no espaço conventual com as suas criadas.

Quando as ordens religiosas foram extintas em Portugal, o Convento de Santana entrou em declínio (parece, aliás, que já estava assim desde há algum tempo) e acabou definitivamente como convento quando a última freira morreu em 1880, embora o edifício tenha permanecido como escola elementar até 1916.

Quem lá vivia teve de procurar outro lugar para morar. Ainda é possível identificar na parte antiga da cidade de Leiria onde ficaram a residir algumas dessas senhoras que passaram a viver exatamente da produção artesanal de doces, a partir das antigas receitas conventuais. Algumas destas foram transmitidas de geração em geração, chegando até aos nossos dias e, por isso, há ainda na cidade quem as saiba confecionar muito bem, como acontece com um magnífico doce de chila. No dia de Natal ao almoço, em casa dos meus sogros, já sei que vou comer um bolo à base desta chila tão especial.

(texto publicado na edição de 13 de novembro de 2014)