Andamos sempre com pressa. Pressa para apanhar o autocarro, o metro ou o comboio. Pressa porque o trânsito nos fez atrasar em algum lugar. Pressa para levar os filhos à escola ou para não chegarmos atrasados ao emprego.
Cada vez vivemos mais depressa e à pressa. Até aos fins de semana, temos pressa em chegar e saímos à pressa. Vamos a correr porque o filme no cinema está mesmo a começar. Saímos à pressa de casa dos amigos, porque está na hora de ir pôr as crianças a dormir. Mesmo no supermercado conseguimos ter pressa. E exasperamos na fila, seja no talho ou peixaria, ou simplesmente à saída nas caixas para pagar.
Em Lisboa, é usual verem-se as pessoas ao balcão dos cafés, snack-bares e pastelarias, a comerem de pé e apressadamente, com um ar de comprometimento com o tempo que vem a seguir e sempre a controlarem as horas no relógio de pulso. O tempo tomou conta de nós, impõe-nos a sua vontade e controla o nosso destino.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>As novas tecnologias permitem-nos fazer tudo muito mais depressa. Computadores, ligações remotas de acesso à internet, correio eletrónico sempre disponível e ao alcance de um simples toque. Mas, seremos mais produtivos assim, seguindo este modelo apressado de viver? Tenho dúvidas. E saudades. Dos tempos em que não tinha pressa.
(texto publicado na edição em papel de 4 de maio de 2012)
Desabafo disse:
Sem dúvida que tenho saudades esse tempo em que sem correr tinhamos tempo para tudo por não tinhamos tempo marcado para quase nada. Não tenho dúvidas em que não somos mais produtivos, somos menos produtivos e se assim continuar ou a vida passa toda para uma cadeira e um PC ou então ninguém vai saber sobreviver.