Um número crescente de portugueses não está satisfeito com a qualidade da democracia. Entrámos numa fase de erosão que seria premente inverter, se houvesse um projecto político e forças sociais capazes de o fazerem.

José Vitorino Guerra
Exclusivo
22 de Outubro de 2023
Tempo incerto: Desencanto
Continuamos pobres, emigrantes, com profundas assimetrias, marcados por políticas erradas e erráticas e cada vez mais dependentes do assistencialismo.
Valerio Puccini disse:
Continuamos pobres, emigrantes, com profundas assimetrias, marcados por políticas erradas e erráticas e cada vez mais dependentes do assistencialismo. Este é o início. As palavras de José Vitorino Guerra resumem com tom áspero e precisão trágica a realidade que observo há anos, na qualidade de convidado estrangeiro. Uma realidade que me questiono diariamente ao testemunhar a degradação tão bem descrita no início do artigo. Cinco palavras escritas para Portugal, que trago para Leiria.
Pobres – Emigrantes – Assimetria – Políticos – Assistêncialismo
Alguns exemplos simples, talvez simplistas. Muita gente sentada nos bares mas em cima da mesa está um café de 0,75 cêntimos de € ou um Imperial de 1 €. Jovens que, depois de estudarem, vão para o estrangeiro em busca de empregos menos precários e mais bem remunerados. O contraste evidente nas ruas entre os grandes BMW e Mercedes e os carros eléctricos, em comparação com carros antigos com mais de 20/25 anos que expelem fumos de todas as cores. Palavras sobre “alterações climáticas”, palavras sobre “bem-vindo”, palavras sobre “políticas verdes”, palavras sobre Saúde, palavras sobre “Alta Velocidade”, palavras sobre “Terceiro aeroporto em Portugal”. Os fatos dizem outra coisa. Cidadãos fizeram fila durante horas em frente à Loja de Cidadão. Casas em ruínas no centro da cidade. Vitrines fechadas e tristemente abandonadas. Trabalho precário e mal remunerado. Como os cidadãos reagem a tudo isso? Infelizmente não bem. Eles dirigem de forma imprudente, quebrando todas as regras de trânsito possíveis e sem nenhum respeito. Correm meias maratonas, sangrando como se não houvesse amanhã. Derretem-se de admiração e apoiam eventos como o “Leiria Sobre Rodas”. Participam em grande número em qualquer celebração que o município organize ou permita que seja organizada, e participam com sentimento avassalador na vitória da equipa local ou partilham as alegrias do Benfica ou do Porto. No artigo de José Vittorino Guerra a certa altura apareceu a palavra “anestesiados” em referência às consciências. Esqueci-me dessa e também se aplica a Leiria…infelizmente.