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Impressoras 3D. Há uma revolução a acontecer muito perto de nós

Novos processos de fabrico a três dimensões rasgam horizontes na indústria e entram na casa dos consumidores para se juntarem à família dos eletrodomésticos.

Dispositivos médicos, peças de mobiliário, réplicas do nosso próprio rosto. À distância de um clique. A impressão em três dimensões (3D) pode ser uma pequena revolução industrial que (também) está a acontecer muito perto de nós, nas empresas e centros de investigação da Marinha Grande e Leiria.

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Artur Mateus e Nuno Alves, do CDRsp, mostram um jogo de tabuleiro produzido com impressão 3D (fotografia: Joaquim Dâmaso )

“Cada vez mais, as pessoas personalizam produtos. Por exemplo, imprimir um sapato à exata medida do pé. E se o puder fazer em casa, estou a transformar os padrões de consumo”, afirma Nuno Alves, diretor do CDRsp.

“A tendência é ter impressoras 3D de baixo custo. Estão a caminhar para preços em que podem ser adquiridas pelo cidadão comum e é nesse sentido que acho que vai ser uma revolução”, conclui.

Na Marinha Grande, no Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto (CDRsp) do Instituto Politécnico de Leiria, as tecnologias de fabricação aditiva, nomeadamente a impressão 3D, estão no centro de vários projetos. Da criação de joias à sensibilização de jovens para a indústria, passando por próteses médicas, suportes para a cultura de células no corpo humano e fotografias em relevo. Há mesmo uma marca de impressoras que nasceu no CDRsp: a Box.

Ao mesmo tempo que se aproximam do consumidor final – a Worten vende equipamentos da portuguesa Beeverycreative por 1.990 euros –, os processos 3D têm aplicação crescente na indústria.

Baseados em modelos desenhados por computador que depois são impressos camada a camada, apresentam duas grandes vantagens: liberdade de geometrias e redução dos desperdícios (acrescentam-se materiais para obter a forma, por oposição aos processos tradicionais de desbaste). Mas há limites: grandes dimensões e cadências ao nível da produção em série significam perda de competitividade.

No quotidiano do CDRsp, a impressão 3D alimenta teses de mestrado e doutoramentos, contratos de prestação de serviços a empresas e parcerias com a indústria. Os materiais trabalhados vão desde os plásticos e bioplásticos aos metais (aço inoxidável ou titânio) e ligas nobres (ouro e prata). E nas empresas da região, as tecnologias aditivas são já usadas com regularidade, quer na fase inicial dos projetos, como auxílio a ensaios, quer na construção de partes de moldes para injeção e até em pequenas séries de produtos finais.

O diretor do Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (Centimfe), Rui Tocha, acrescenta outra vantagem da impressão 3D: a validação do conceito e otimização do design antes do arranque da produção.

Esta área “é um dos exemplos em que o Centimfe cumpriu o seu papel de antecipar tecnologia, desde 1998, quanto comprámos o primeiro equipamento e entrámos na rede de prototipagem rápida”, afirma.

Hoje, o centro localizado na zona industrial da Marinha Grande soma diversos projetos relacionados com a impressão tridimensional e presta serviços regulares à indústria nesta área.

Nas empresas, o impacto da impressão 3D continua a evoluir, salienta Rui Tocha: “Permite alargar a cadeia de valor. Os nossos mouldmakers já não oferecem só moldes, vendem um conjunto de serviços”.

Cláudio Garcia
claudio.garcia@regiaodeleiria.pt

(Notícia publicada na edição de 25 de setembro)

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