Abrir as janelas e deixar entrar o diálogo e a companhia sãp as propostas lançadas por duas jovens jornalistas que estão a cumprir o isolamento social na Foz do Arelho, em Caldas da Rainha.
As amigas Patrícia e Carina dispõem-se a conversar todos os dias, por telemóvel ou a partir da janela, tomando as devidas precauções, com quem se sinta sozinho, ou triste, em tempos de isolamento por causa da Covid-19.
“Isto serve para todas as idades, há muita gente que não pode ver ninguém e que está a sofrer com isto, porque não estão habituados, e provavelmente até a sentir-se pior do que os mais velhos”, diz Patrícia em conversa com o REGIÃO DE LEIRIA.
A caldense acredita que os mais jovens, que vivem “super atarefados, sempre com coisas para fazer, e que foram para casa, podem estar a sentir-se muito mal”.
A iniciativa “Conversas à janela” arrancou na semana passada e as jovens de 32 anos recebem os contactos através do número 913 161 309.
Patrícia explica que a população na Foz do Arelho “é mais velha e continua com os seus hábitos, no seu campo, ainda sem sentir diferenças na rotina” e, talvez por isso, ainda não tenham surgido muitos contactos.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>No entanto, foram precisamente esses hábitos, que podem ficar mais limitados, que deram origem à iniciativa divulgada através da distribuição local de folhetos, depois de comunicada à Câmara Municipal das Caldas da Rainha e à Junta de Freguesia da Foz do Arelho.
“Por aqui há muito esta forma de conversar à porta ou à janela. Eu vou para o muro e converso assim com a minha vizinha”, conta Patrícia, acrescentando que a janela é uma figura simbólica numa altura em que não pode haver contactos presenciais.
Além das chamadas telefónicas, as jovens estão disponíveis para se deslocar até à Nazaré, Peniche, São Martinho do Porto ou Caldas da Rainha, “conversar com as pessoas e ficar a conhecê-las” e, eventualmente, ajudar com alguma ida ao supermercado ou a farmácia.
Para quem estiver mais longe, o contacto poderá ser feito todos os dias telefonicamente, até por quem viva em zonas mais urbanas e que “poderão estar a ser muito mais afetadas”, explicam as responsáveis pelo “Conversas à janela”.
“Estamos todos a sofrer muito com algo que nunca se viveu”, completa Patrícia, deixando a janela aberta.