A partir da próxima semana, o plano de vacinação contra a Covid-19 em Portugal será alargado aos cargos mais altos do país, como o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República ou o primeiro-ministro.
Também os autarcas, enquanto autoridades municipais de proteção civil, são abrangidos, no âmbito do Despacho nº 1090-D/2021 da Presidência do Conselho de Ministros, como prioritários neste processo.
Contudo, há vários presidentes das Câmaras municipais da região de Leiria que já vieram declinar essa prioridade e entendem que há outros grupos que devem receber a vacina em primeiro lugar.
“Defendo que todos os cidadãos se vacinem, que o Estado deve ser criterioso e que o Plano Nacional de Vacinação seja executado a um ritmo muito elevado”, considera Diogo Mateus, num comunicado enviado à comunicação social.
Na opinião do autarca da Câmara de Pombal, a publicação do Despacho “resulta de um processo lamentável de atropelo e respeito pelas pessoas mais prioritárias e mais confrontadas com o risco, como médicos, enfermeiros, assistentes e administrativos dos hospitais e centros de saúde, assim como os maiores de 80 anos de idade, onde se regista maior número de óbitos”.
Já ontem, terça-feira, Gonçalo Lopes, presidente da Câmara de Leiria, defendia que se enquadrava na excepção à regra.
“Respeito essa inclusão que será, em regra, muito importante. No entanto, julgo que me enquadro na excepção. Tenho 45 anos e sou saudável, e por isso decidi não ser vacinado já, mas quando o meu grupo etário receber a vacina. Tomo esta decisão ponderadamente, e para que pessoas mais vulneráveis que eu possam ser vacinadas o quanto antes”, partilhou na sua página de Facebook, apelando que a população siga “escrupulosamente todas as medidas de protecção indicadas pelas autoridades de saúde”.
Em Porto de Mós, Jorge Vala partilha da mesma opinião e cede o seu lugar a outro cidadão com mais necessidades.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>“Tem sido amplamente divulgado que os Presidentes de Câmara passam a integrar esta fase de vacinação. Apesar de respeitar e até compreender alguns dos argumentos, não concordo com a decisão: porque discordo que se alterem os critérios que foram antecipadamente definidos e comunicados; e sem por em causa a nobre missão do Presidente de Câmara e a importância deste cargo, que em nenhuma circunstância pode ser menorizado, também discordo que sejamos vacinados antes de concluida a vacinação a todos os profissionais de saúde e a todos os restantes cidadãos e Grupos de maior risco”, afirma.
“Sem demagogia e sem qualquer tentativa de aproveitamento político, vou abdicar deste privilégio e esperar naturalmente pela minha vez e aguardar que o SNS me chame, porque quero ser vacinado. Tenho 59 anos e apesar de algum peso a mais, felizmente tenho saúde. Por isso deixo a vacina que agora me está destinada, para um profissional de saúde ou cidadão de risco que ainda não a recebeu”, esclarece o autarca scial-democrata do concelho de Porto de Mós.
Além dos titulares de órgãos de soberania, integram a nova fase de vacinação os profissionais de emergência pré-hospitalar – designadamente bombeiros -, profissionais de serviços essenciais e forças de segurança.
Segundo a ministra da Saúde, a primeira semana de fevereiro vai marcar também o arranque da vacinação das pessoas com mais de 50 anos e pelo menos uma das quatro comorbilidades identificadas – doença coronária, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e doença pulmonar obstrutiva crónica – como sendo de risco para o internamento em covid-19.
“Este grupo tem um universo de cerca de meio milhão de pessoas, um pouco menos. A sua identificação através dos registos dos centros de saúde, o processo de realização de contacto com as pessoas e da identificação das mesmas através dos serviços privados está preparado para ser iniciado na semana que vem”, sentenciou, ontem, depois da reunião com a task force que coordena o plano de vacinação.
Com Lusa
Foto: Joaquim Dâmaso