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Ambiente

Investigadores do Politécnico estudam papaias que se alimentam dos dejetos de peixes

“Na região de Leiria, este grupo é pioneiro na investigação em aquaponia, procurando inovar ao serem delineados projetos com espécies de plantas e de peixes pouco conhecidas”

Um grupo de investigadores do polo de investigação dos laboratórios de Engenharia de Separação e Reação e de Catalise e Materiais (LSRE-LCM) no Instituto Politécnico de Leiria está a estudar o crescimento e frutificação de papaieiras, através da aquaponia, um método de criar peixes e plantas juntos num ecossistema.

“O estudo tem uma duração de 12 meses, pretendendo-se comparar as características morfológicas e de crescimento das plantas, sob o efeito de dois substratos (leca versus tijolo triturado)”, explicou esta sexta-feira, dia 2, o Politécnico de Leiria.

Neste sistema, “os nutrientes para o crescimento das plantas são obtidos a partir das excreções resultantes da alimentação dos peixes, cujos dejetos são transformados por ação de bactérias em nutrientes facilmente absorvidos pelas raízes das plantas. Com a absorção dos nutrientes por parte das plantas, a água é tratada e reutilizada no tanque dos peixes”, explica em comunicado.

“Num ambiente de simbiose, num único sistema amigo do ambiente, é possível a obtenção de proteína animal proveniente dos peixes e o cultivo de variados tipos de vegetais. O objetivo principal é analisar o crescimento dos peixes e os níveis de produtividade das diferentes culturas de plantas num sistema de produção agrícola sustentável, que requer um baixo consumo de recursos (energia e água), um uso reduzido de químicos e não requer uso de solos”, explicam os professores e investigadores Fernando Sebastião, Judite Vieira e Raul Bernardino.

Entre os projetos desenvolvidos pelo Politécnico de Leiria nesta área de aquaponia, além do estudo da produção sustentável de papaias, é de referir a avaliação da qualidade da água num sistema de tratamento aquapónico com produção de alfaces, a produção sustentável de hortícolas (canónigos e rúcula), e a produção sustentável de plantas (rúcula, salsa, poejo) com incorporação de tenébrios (besouros) na alimentação dos peixes.

“Na região de Leiria, este grupo é pioneiro na investigação em aquaponia, procurando inovar ao serem delineados projetos com espécies de plantas e de peixes pouco conhecidas e menos estudadas nestes sistemas, e também na vertente da aplicação específica da hidroponia usando como solução nutritiva, águas residuais domésticas e agroindustriais (ApR)”, refere o comunicado.

A investigação ”pretende contribuir para o avanço científico e tecnológico que conduza a processos e produtos eficientes e sustentáveis, orientados para a transferência de tecnologia para a indústria, agroindústria e agricultura. Visa ainda, com o know-how adquirido, apoiar os futuros interessados nesta área com disponibilização de suporte técnico, científico e de formação”.

“Em particular, ao nível da aquaponia, pretende-se analisar a viabilidade económica tanto de implementação de sistemas aquapónicos em pequena escala (nível familiar ou em pequenas comunidades), como em grande escala (cadeia de abastecimento) e também como sistemas de apoio mais resilientes do que os atuais sistemas produtivos agrícolas”, acrescentam os investigadores.

A investigação em aquaponia surgiu em 2015 na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar em Peniche, tendo em 2018 sido integrada como área temática da Unidade de Investigação e Desenvolvimento LSRE-LCM – Polo Politécnico de Leiria, que resulta de uma parceria entre a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e o Instituto Politécnico de Leiria. O LSRE-LCM integra aindao ALiCE, Laboratório Associado em Engenharia Química.

A investigação em aquaponia é desenvolvida num espaço específico, em estufa coberta, no Laboratório de Sistemas Multitróficos Integrados, criado em 2018 na Escola Superior de Tecnologia e Gestão.

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