O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) considerou hoje não haver motivo de alarme apesar da “constante pressão” sobre as equipas, após médicos da Pediatria terem exigido o fecho da urgência pediátrica no período noturno e do bloco de partos.
“O conselho de administração do CHL garante que não há motivo de alarme para as populações a quem dá resposta, apesar da constante pressão pública sobre as equipas, e tem mantido o diálogo interno e externo, inclusivamente com a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde, que tem acompanhado a situação de perto”, refere uma resposta escrita da unidade hospitalar à agência Lusa.
Num abaixo-assinado, a equipa médica do serviço de Pediatria do CHL exige, quando nos turnos haja indisponibilidade de elementos para escala e fique apenas um pediatra, o encerramento da urgência pediátrica “a todas as admissões externas”, a partir das 20:00, “de forma a garantir os cuidados adequados e em condições de segurança para os doentes internados”.
Os médicos pedem ainda o fecho do bloco de partos, dado “não ser possível assegurar a assistência aos partos distócicos ou a qualquer emergência de reanimação neonatal”, defendendo que “todas as grávidas com condições de transferência” devem ir para outras unidades hospitalares.
Os 30 médicos exigem também que não seja aceite o desvio para o CHL da atividade assistencial do serviço de Obstetrícia (internamento, bloco de partos e urgência obstétrica) da maternidade do Hospital das Caldas da Rainha, lê-se no abaixo-assinado.
À Lusa, o conselho de administração garante que “a resposta às necessidades dos utentes do serviço de Ginecologia/Obstetrícia e da urgência pediátrica tem sido assegurada, como habitualmente”, esclarecendo que a escala deste mês da “urgência pediátrica está completa e estão a ser finalizadas as escalas dos meses seguintes”.
Manifestando “o seu profundo agradecimento às equipas de profissionais que têm dado resposta às grávidas e às crianças que acorrem aos seus cuidados de saúde”, o conselho de administração afirma compreender “a manifestação de preocupação dos profissionais de pediatria pela falta de clínicos”.
A unidade de Leiria esclarece ainda que “o acordo com o Centro Hospitalar do Oeste, com o reforço e integração de profissionais de saúde da área de Ginecologia/Obstetrícia nas escalas do CHL, tem decorrido dentro da normalidade”, assegurando que o conselho de administração e “as respetivas direções dos serviços envolvidos têm monitorizado diariamente o seu funcionamento”.
Sindicato Independente solidário com “grito de alerta” de médicos de Leiria
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) solidarizou-se hoje com o “grito de alerta” da equipa médica do serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), referindo que os profissionais emitiram escusas de responsabilidade.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>“O SIM teve conhecimento deste grito de alerta dos colegas de Leiria e está totalmente solidário e todos eles já emitiram uma minuta de escusa de responsabilidade, dada a incapacidade em garantir as escalas”, afirmou à agência Lusa Roque da Cunha.
Segundo Roque da Cunha, estes médicos, “além de garantirem a urgência interna, são também responsáveis pela urgência externa, são responsáveis pelo berçário” assim como, quando nasce uma criança, “estarem disponíveis para o caso de haver algum problema”.
“O conselho de administração [do CHL], no nosso ponto de vista, só tem uma possibilidade que é, desde já, comunicar ao INEM [Instituto Nacional de Emergência Médica] a indisponibilidade para que o serviço de pediatria de urgência à noite seja encerrado, e, desde já, até encontrar soluções, o bloco de partos não poder receber grávidas”, declarou.
O secretário-geral do SIM salientou que, “além das grávidas da área responsabilidade do hospital de Leiria”, desde o mês passado os profissionais “são também responsáveis” pelas grávidas da região das Caldas da Rainha, dado que o bloco de partos do hospital da cidade “vai ser sujeito a obras”.
“É mais uma prova daquilo que o SIM tem dito ao longo dos anos que, tal como em Lisboa, reestruturar não é encerrar”, adiantou, reiterando a necessidade de “criar condições para que os médicos não saiam do Serviço Nacional de Saúde”.
Para o responsável do SIM, em causa está “não só a qualidade dos cuidados de saúde prestados às pessoas que aí recorrem, como também da própria responsabilidade ética e criminal dos médicos que aceitem em trabalhar em condições abaixo dos mínimos”, considerando que deve fazer com que “o Governo tenha uma atitude responsável na negociação” com o sindicato.
Roque da Cunha disse ainda esperar que “o Ministério da Saúde dê resposta” aos subscritores do abaixo-assinado.