Alguém escreveu em tempos que a comunicação, ainda que possível, é improvável. Se, à partida, esta afirmação parece completamente desprovida de sentido, uma análise mais cuidada confere-lhe uma dimensão verosímil.
Seja por obstinação, mero egoísmo ou apenas défice de tempo disponível, a atenção que colocamos no processamento da informação que nos chega diariamente é reduzida. Em abono da verdade, dir-se-ia que tende cada vez mais para zero.
Estamos, por norma, pouco atentos e interessados ao que a nós não nos diz diretamente respeito. E se mostramos maior abertura para ouvir o que nos dizem, fazemo-lo como uma estratégia para encontrar incongruências no discurso do outro, ou elementos que corroborem a nossa argumentação.
Somos obstinados porque tendemos a selecionar o que retemos, de forma a ir ao encontro de pré-conceitos. Somos egoístas porque consideramos que o que é nosso é sempre mais importante e urgente. Se, a estes dois elementos, juntarmos a velocidade a que a informação nos chega, verificamos que sendo possível, a comunicação tende a ser improvável.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Não pretendo dissertar sobre a teoria de Niklas Luhmann. Antes queria deixar um alerta que poderia muito bem ser materializado numa antiga mensagem publicitária da prevenção rodoviária portuguesa – Pare, Escute e Olhe.
(texto publicado a 2 de novembro de 2012)