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Ideia verosímil: Não levem a mal

Esta semana os ritmos do Carnaval inundaram-nos.

Rui Melo Biscaia, diretor de marketing e comunicação r.biscaia@gmail.com

Esta semana os ritmos do Carnaval inundaram-nos.

As promessas de felicidade, assentes numa máscara que nos transporta para um alter-ego, fizeram as delícias de muitos – os que assumem a predileção e os que tentam escondê-la dos restantes, por razões mais ou menos percetíveis. Quanto aos que se assumem correligionários de uma terceira via, aquela que advoga o não incondicional à festa, farei o favor de não os trazer à colação.

Por mais agradável que possa ser vermos transportado para Portugal as formas do carnaval brasileiro, tal cenário sempre me soou a falso. A boleia de uma máxima de um (muito antigo) spot de televisão – “não é natural”.

Argumentarão alguns que nada de mal há em fazer evoluir a festa, conferindo-lhe um calor e cor típicos de geografias bem mais ensolaradas nesta altura do ano. Nada teria a obstar a este racional, se o preconceito que está na sua génese não fora errado. Parece-me que a importação de um estilo de carnaval não tem, necessariamente, de ser vista como uma evolução para o dito.

Há em Portugal tradição capaz de sustentar um carnaval que não necessita de importar forma e conteúdo. Em suma, seria verosímil pensar um carnaval português fiel às suas tradições e rejeitar estrangeirismos? Honra seja feita aos poucos que já hoje assentam a festa nesta premissa.

(texto publicado na edição em papel de 24 de fevereiro de 2012)