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No País da troikada: Até o Borda d’Água

A política anda mesmo estranha. Da invocação da Nossa Senhora de Fátima pelo nosso Presidente, ao ripar do Borda d’Água como instrumento de trabalho da Assembleia da República… Só pode ser culpa da troika!

João Paulo Marques, professor do Ensino Superior Politécnico joao.paulo@regiaodeleiria.pt

A política anda mesmo estranha. Da invocação da Nossa Senhora de Fátima pelo nosso Presidente, ao ripar do Borda d’Água como instrumento de trabalho da Assembleia da República… Só pode ser culpa da troika! Mas não gostei. Primeiro porque o Borda d’Água é uma instituição nacional. Ao nível do Benfica, do fado e, certamente, muitos lugares à frente dos Lusíadas e da Constituição. Em segundo lugar, é uma coisa popular. Não é para andar nas mãos dos deputados. Estes, se quiserem algo mais adequado à sua situação, devem optar pelo Almanaque da Bertrand. Que, creio, até está novamente a ser editado. A interrupção da edição algumas dezenas de anos, retira-lhe o estatuto de instituição; o facto de ser vendido em livrarias e não nas feiras, retira-lhe o estatuto popular. Onde é que diabo já se viu o povo em livrarias! Nem com a troika! Mas a existência daquele best-seller no Governo já era de suspeitar: é de todos conhecido o gosto do nosso ministro dos Negócios Estrangeiros pelas feiras e mercados. Logo, tinha certamente contacto com a obra. E sem dúvida alguma que, com o hiperministério com que a Sra. Ministra da Agricultura e mais cinquenta coisas foi brindada, só se pode ter aguentado até agora com o precioso auxílio do Borda d’Água.

Bom… usem mas não estraguem. Já agora, se der jeito, tentem também a Santa da Ladeira do Pinheiro. Mal não deve fazer.

(texto publicado a 20 de junho de 2013)