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No País da troikada: Mamã, quero ser comentador

A televisão possui vantagens evidentes. Traz um retorno em visibilidade que, mesmo sendo comentador “a feijões”, como alguns dizem que são, o certo é que, feijão a feijão consegue-se fazer uma grande feijoada.

João Paulo Marques, professor do Ensino Superior Politécnico joao.paulo@regiaodeleiria.pt

Neste país onde grassa o desemprego, importa chamar a atenção para determinados nichos de mercado que podem ser verdadeiras minas, pelo que pagam, em euros ou em valores não menos despiciendos, como por exemplo, visibilidade. E, como ninguém parece preocupar-se com eles, dedico esta crónica aos políticos desempregados. Assim, se é político e está no desemprego, agarre uma carreira de comentador. É uma carreira profissional que está manifestamente em alta, em televisões e rádios, públicas ou privadas.

A televisão possui vantagens evidentes. Traz um retorno em visibilidade que, mesmo sendo comentador “a feijões”, como alguns dizem que são, o certo é que, feijão a feijão consegue-se fazer uma grande feijoada. Melhor que um depósito a prazo!

Não necessita de qualquer tipo de especialização. Basta-lhe ser especialista em generalidades. As áreas mais frequentes são a política, a economia e o desporto. Importa ter a capacidade para dizer mal. Se por acaso teve responsabilidades naquilo que comenta, não ligue. A memória de elefante… só se aplica aos elefantes.

E se o seu filho ou filha chegarem um dia ao pé de si e lhe disserem “Mamã, quero ser comentador!”, aproveite a oportunidade para fazer desabrochar nele a vocação.

Foi o meu contributo para o desemprego e para a pós-troikada, que todos temos esperança de viver. Muito útil.

(texto publicado a 23 de maio de 2013)