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No País da troikada: Querido, remodelei a sala!

João Paulo Marques, professor do Ensino Superior Politécnico joao.paulo@regiaodeleiria.pt

Foi com este anúncio que D. Efigénia, com a sua voz de soprano em alta rotação, recebeu o marido. Entusiasmado, D. Poltrão dirigiu-se ao aposento para ver a obra. Aí chegado…o seu entusiasmo rapidamente esmoreceu. Afinal, a sua Efigénia de voz esganiçada, tinha-se limitado a pendurar dois novos quadros na parede, comprados numa loja de (in)utilidades várias, com umas molduras ornamentadas de uns dourados pretensiosos, a pôr um candeeiro perdido no sótão há uns tempos na mesinha de leitura e a tirar da sala o vaso com relva para as purgas do bichano lá da casa. Efigénia ficou tristonha com a reação do marido mas, como era seu hábito, cantou duas modinhas e, sem lhe ligar importância, lá foi fazendo a apologia da dita remodelação.

Todos viam que não era uma remodelação. Efigénia só tinha mudado uns quantos trastes por outros. Mas convencê-la disso… era o diabo.

E agora, para não dizerem que as minhas crónicas são histórias da carochinha, aqui fica um tema para refletirem. E olhem que é coisa para dar cabo da cabeça.

S. Marcelo, no seu sermão de domingo passado, saiu-se com esta (cito de memória): é bom que aqueles dois falem para ver o que sai das duas cabeças juntas. Referia-se a Seguro e a Passos Coelho. E o desafio é: o que é que raios acham que o Professor pensa que pode sair daquelas duas cabeças? Inté!

(texto publicado a 24 de abril de 2013)