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Play it, Sam: Em fase de descanso

Depois dos Óscares ainda não houve tempo para voltar às lides cinéfilas. Até lá, sobra o tempo para algumas séries e constatar que esta área tem melhorado a olhos vistos. Para lá da quantidade, há qualidade e diversidade.

João Melo Alvim, advogado jmalvim@gmail.com

Depois dos Óscares ainda não houve tempo para voltar às lides cinéfilas. Até lá, sobra o tempo para algumas séries e constatar que esta área tem melhorado a olhos vistos. Para lá da quantidade, há qualidade e diversidade.

É por isso que nos últimos anos, findas as minhas referências “West Wing” e “Lost” (com um final que deu cabo de mim), continuo com “House” (agora já em fase de saturação), acrescentando pérolas cómicas como “How I met your mother” (a precisar de um fim urgente), “Modern Family” (brilhante) ou a excecional “Shameless” (versão norte-americana) e ainda a série nerd mais pop dos últimos anos “Community” (só para apreciadores).

Num registo mais sério, “The Good Wife” (o melhor cruzamento entre lei e política de sempre), “Homeland” (a melhor série do ano passado), “Boardwalk Empire” e mais recentemente “Alcatraz”, tudo criações que me têm enchido as medidas. Destaque ainda para “Game of Thrones”, que retorna daqui a uma semana, e que se arrisca a tornar num clássico. Mas há sempre tempo para desanuviar um bocado com o despretensioso “Castle” ou então desfrutar do saber-estar britânico de “Downton Abbey”. E, claro, também na animação, referência para “Family Guy”, “American Dad” e “Cleveland Show”, verdadeiros hinos ao humor sem limites.

Haveria muito mais séries a que se poderia fazer referência, mas nem o tempo dá para tudo, nem a criatividade pára e há sempre gostos para tudo. Mas neste tempo de lixo na televisão generalista, sobra a satisfação de saber que ainda há muito boa televisão, muitas vezes com os cuidados que um cinéfilo exigente não descura: bons argumentos, boa fotografia, excelentes interpretações. Ou seja, pelo menos parcialmente, Woody Allen deixou de ter razão: na California já nem todo o lixo é transformado em séries de televisão.

(texto publicado na edição em papel de 23 de março de 2012)