São “clássicos” do teatro nacional, criações a estrear, peças para os mais novos, atividades para famílias e também uma companhia da Palestina e uma audiência com uma centena de pessoas com deficiência visual, incluindo cegueira e baixa visão. É a 10ª edição do Novos Ventos, festival que arranca no sábado no Arrabal. Até 13 de julho são mais de três dezenas de momentos, também em Monte Redondo, Amor e Marrazes.
As quatro freguesias de Leiria acolhem o festival comunitário do Leirena, cujo programa contempla 11 peças criadas localmente por mais de duas centenas de atores de 27 associações, sejam ranchos, filarmónicas, escolas, IPSS e outras instituições.
Entre espetáculos comunitários e profissionais, há “uma oferta transdisciplinar”, realça o diretor da companhia de Leiria. “Desde as artes plásticas, a espetáculos com música, teatro físico, formas animadas, marionetas e teatro de grandes casas”, descreve Frédéric da Cruz Pires, lembrando “O tamanho das coisas”, da Terra Amarela, ou “Ibéria”, a peça de que o Peripécia Teatro repõe 20 anos após a estreia.
Também há criações novas, imaginadas durante o festival pelos bolseiros do curso de Teatro da Escola Superior de Artes e Design, das Caldas da Rainha, e do Instituto Nacional de Artes do Circo, de Famalicão, e todos os fins de semana há um espetáculo com audiodescrição e Língua Gestual Portuguesa. “Em Monte Redondo, no dia 28 de junho, vamos ter ‘O globo de Saramago”, com audiodescrição aberta para uma grande comunidade de pessoas cegas, entre cem a 140”.
Gesto descentralizador que leva cultura a freguesias periféricas, o festival abre-se (tudo tem entrada livre) a quem lá habita e também a outros públicos, para conhecerem locais como o Centro de Artes do Arrabal, o Parque de Merendas de Amor, o Centro Escolar de Monte Redondo ou o Bairro Sá Carneiro, nos Marrazes.
Até lá chegam espetáculos de Famalicão, Lisboa, Esmoriz, Setúbal, Póvoa do Varzim, Montemor-o-Novo, Vila Real, Caminha, Loulé, Leiria e até da Palestina. O Ashtar Teatro traz “Oranges and stones”, peça que aborda a questão da ocupação do território palestiniano.
O Leirena também gostava de ter trazido uma companhia de Israel, porque “acreditamos que a arte é um caminho para o diálogo e para a paz”. Mas “não conseguimos”, assume Fredéric, que assinala o simbolismo da presença de palestinianos em Leiria: “Faz todo o sentido trazê-los cá”.
Primeiro fim de semana
21 de junho
“Ouvir a ver”, performance de Jana Moller desenvolvida em residência artística, é apresentada no Centro de Artes do Arrabal (18h30). À noite, o mesmo espaço recebe “Paradjanov”, do ASTA Teatro, da Covilhã (21h30)
22 de junho
Para famílias, há workshop de introdução à encadernação no Centro de Artes, por Aqui no Meu Sótão (10h30). O Teatro Estúdio Fonte Nova, de Setúbal, apresenta “Os barrigas e os magriços” no auditório do Rancho do Freixial (16h30) e, novamente no Centro de Artes, há peças e uma curta-metragem feitas pela comunidade local (18h). À noite, Terra Amarela e Paulo Azevedo sobem ao palco com “O tamanho das coisas” (21h30)
A entrada é livre em todas as atividades. O festival segue para Monte Redondo, onde fica de 24 a 29 de junho



