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Escrevivendo: Dia de rei(s)

Em mês de Reis Magos, recordo o nosso: Eusébio.

Antonio-gordo
António Gordo, professor (ap.) antoniogordo@gmail.com

Em mês de Reis Magos, recordo o nosso: Eusébio.

Na vitória dos onze eusébios a 12 de janeiro, na Luz, eu revivi o Benfica-Porto de 21/12/69, no velho estádio, com igual resultado. Foi a última vez que lá entrei para ver jogar Eusébio. Hoje junto esta vivência pessoal à celebração coletiva da genialidade do jogador, que a morte recente amplificou ao ponto de gerar manifestações desmesuradas, entre a insensatez e o cinismo. Não me refiro às espontâneas de amigos, familiares, povo anónimo, ou até de claques clubísticas. Mas, sim, a algumas que até podem fazer história, como a sofreguidão populista de políticos apressados em cavalgar a onda, na esperança de colher o aplauso popular, ou a pressa epidémica de mandar Eusébio para o Panteão Nacional (e mais não sei quantos depois dele!).

Detesto o oportunismo, desconfio da pressa e não simpatizo com “panteões nacionais” em igrejas. O “templo de todos os deuses nacionais” não tem de ser mais uma “capela dos ossos”, mas um grande Memorial ou Cenotáfio Nacional, construído para esse fim e com critérios de admissão rigorosos previamente definidos.

De comum com Eusébio só tenho o “da Silva” e a simpatia pelo Benfica. Mas se também fosse “Eusébio Ferreira”, o tantas vezes maltratado pelo país e pelo clube, preferia que me deixassem em paz no cemitério do Lumiar ou num recanto da “catedral” da Luz.

(texto publicado na edição de 30 de janeiro de 2014)