A barbárie nunca desapareceu completamente da nossa vida – basta ler um desses jornais que se especializaram nos “crimes de faca e alguidar”, e sempre lidos em cafés e barbeiros. Mas eram, apesar de tudo, situações pontuais.
Contudo que a barbárie seja realizada em nome de um pretenso Estado (que assim se intitula, mesmo sem qualquer reconhecimento internacional) e que não só não seja escondida e negada frente ao resto do mundo mas antes seja mostrada e propagandeada como “marca” de um regime, é algo de que nós, os vivos, já não tínhamos memória.
É por isso que não podemos deixar de nos interrogar sobre o facto de muitos dos actores deste regime de terror na Síria e no Iraque provirem do ocidente. Já acontecia há algum tempo – as notícias de um ou outro bombista suicida recrutado em Itália ou França, de facto não são de agora – mas a decapitação pública de reféns ocidentais por meio das mãos de outros ocidentais que passaram a integrar esse regime de terror faz-nos tremer.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>É que isso significa que a vida das sociedades ocidentais tem sido de tal forma que deixou de oferecer, particularmente aos jovens, horizontes pelos quais valha a pena viver e lutar, valores que sejam indiscutíveis, formas de vida seguras, capazes de os preencher como seres humanos.
Escrito de acordo com a antiga ortografia
(texto publicado na edição de 2 de outubro de 2014)