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Olhares: Papa Francisco: um ano depois

Há um ano atrás, surgiu uma nova “primavera” na Igreja, pela mão do Papa Francisco, “vindo do fim do mundo”.

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David Barreirinhas, pároco de Formigais, Ribeira do Fárrio e Rio de Couros padrebarreirinhas@gmail.com

Há um ano atrás, surgiu uma nova “primavera” na Igreja, pela mão do Papa Francisco, “vindo do fim do mundo”. Uma primavera semelhante àquela que, 50 anos antes, foi posta em marcha por João XXIII, o Papa Bom, com o Concílio Vaticano II. A de Francisco consiste precisamente em desbloquear o Concílio, aplicá-lo em todo o seu potencial. Uma primavera que vai desabrochando a bom ritmo. Primeiro, foram os gestos inéditos que facilmente se tornaram notícia nos meios de comunicação social de meio mundo. Depois, vieram as decisões e a mudança de paradigma do papado. Bergoglio não quer ser super-ho­mem, nem sequer um santo padre. Autointi­tula-se bispo de Roma e, num ano, conseguiu mudar a maneira de exercer o papado, a começar, desde logo, pelo espaço: abandonou o Palácio Apostólico e passou a viver em Santa Marta, dessacralizando o espaço papal. Depois, no tempo, dedicando a maior parte dele aos pobres, aos humildes, aos doentes, ao seu povo, ao povo que o aclama todas as quartas e todos os domingos e, assim, se torna no seu escudo protector. E, por último, no exercício do seu ministério: o Papa governa assessorado por um Conselho de Cardeais, em colegialidade, em corresponsabilidade. Um Papa normal que, como ele próprio diz, “ri, chora, tem amigos e até comete pecados”.

Escrito de acordo com a antiga ortografia

(texto publicado na edição de 20 de março de 2014)