O hábito das generalizações consome tempo e equívocos. Não contribui para uma visão lúcida da realidade. A palavra “todos” quando dirigida a um subconjunto de seres humanos padece de uma discriminação abusiva.
Agrupar pessoas em géneros e características (orientação sexual, raça, nacionalidade, profissão, etc.) para argumentar determinados comportamentos sociais é uma muleta intelectual que encobre ignorância e medo.
Parece-me existir uma tendência crescente deste abuso. Recentemente, o bastonário da Ordem dos Advogados afirmou publicamente que o que os brasileiros mais exportam para Portugal são prostitutas, e um líder sindical em pleno comício chamou de “escurinho” a um trabalhador estrangeiro. Por cá existe uma petição online (com mais de 1.300 assinaturas) que acusa todos os “ciganos da Marinha Grande” de atos criminosos e ilegais.
A herança histórica de milhões de mortes motivadas por generalizações raciais/étnicas simplistas deveria ser o suficiente para termos consciência da irresponsabilidade destas leviandades.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>Infelizmente não é. Por isso existem leis que defendem a dignidade humana e que respeitam a memória dos que já partiram. Há que tornar mais visível o direito ao reconhecimento da singularidade de cada indivíduo.
Só assim podemos calar quem, remetendo-nos a meros representantes de uma categoria homogénea, nos quer tornar “invisíveis”.
(texto publicado a 7 de fevereiro de 2013)