A interculturalidade pressupõe a compreensão do diferente, do outro.
Não há hierarquias de culturas, não há culturas inferiores e culturas superiores. O que é certo num determinado momento e num determinado local, pode ser errado noutro momento e noutro lugar. Daí não podermos fazer juízos de valores nem de moral sem vermos a outra cultura a partir de dentro. Na relação com o outro é necessário o “reconhecimento de ‘um igual a mim’ num ‘outro diferente’”.
É no reconhecimento da diversidade que a relação eu-tu se enriquece, para tal é necessário aceitar e compreender as diferenças e despirmo-nos de preconceitos. Só assim se podem criar pontes de entendimento e diálogo. Não conhecer a realidade do outro deixa-nos desorientados e sem saber o que é ou não apropriado em determinadas situações. A esta sensação chama-se choque cultural.
Nas nossas sociedades, cada vez mais caracterizadas pela diversidade cultural, a educação intercultural é um imperativo. Mas a educação intercultural não passa só pela escola. Esta deve ser um constante questionar e aprofundar de conhecimentos, tendo “o outro como ponto de partida”. A aprendizagem intercultural desenvolve a nossa capacidade de nos vermos através dos olhos dos outros.
//= generate_google_analytics_campaign_link("leitores_frequentes_24m") ?>É um conhecimento de nós próprios, dos valores que defendemos, dos preconceitos e estereótipos que temos, para que estes possam ser trabalhados e ultrapassados. Tal permite-nos fazer um balanço das nossas competências interculturais, das que cremos possuir e das que julgamos serem ainda necessárias adquirir.
Os choques culturais são essenciais neste processo de aprendizagem. É no contacto direto com o outro e em situações que nos são estanhas que constatamos as nossas limitações perante o desconhecido. Quando estamos em ambientes interculturais, as relações interpessoais parecem ganhar uma nova dimensão. Tantas barreiras se interpõem entre nós enquanto comunicadores (barreiras linguísticas, culturais, sociais). Só ao sabermos comunicar e escutar com todos os sentidos nos conhecemos melhor e aprendemos mais sobre o outro.
O desenvolvimento das nossas capacidades interculturais é necessário para uma melhor compreensão das outras culturas. Um processo enriquecedor para todos os membros da sociedade. Sou eu e tu, nas nossas diferenças, que enriquecemos o mundo.
(texto publicado a 16 de maio de 2013)