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(Des)arrumar ideias: Olhar fotográfico

A máquina fotográfica é um instrumento que ensina a ver o mundo sem máquina fotográfica, dizia Dorothea Lange, fotógrafa conhecida pelos seus trabalhos na sequência da crise de 1929.

Patrícia Martins, animadora Cultural patriciafrmartins@gmail.com

A máquina fotográfica é um instrumento que ensina a ver o mundo sem máquina fotográfica, dizia Dorothea Lange, fotógrafa conhecida pelos seus trabalhos na sequência da crise de 1929.

Terminei há pouco uma formação numa das minhas paixões: a fotografia. Para além de viciante, acredito que fotografar estimula a criatividade, a sensibilidade estética e altera a nossa forma de olhar o mundo e os outros, estando atentos a sentimentos e apontamentos quotidianos ora marcantes ora efémeros, na senda do registo mais fiel do momento. A paixão pela imagem, estética e artes ensinou-me a observar e a buscar para além do óbvio. Acredito que o estímulo para estas áreas contribuem francamente para uma visão sensível, para nos tornar mais humanos e menos máquinas, valorizando as emoções

No século XXI, gostaria que gestores públicos e governantes reservassem uns minutos diários para dedicar às artes, ou passear-se procurando captar o melhor momento no mundo que os rodeia, certa de que seriam pessoas muito mais atentas, sensíveis, tolerantes e humanas, ao invés de se basearem apenas em números, equações e teorias matemáticas. Hoje finalizo com Ansel Adams, remetendo-me ao silêncio: “Quando o mundo se tornar confuso, concentrar-me-ei em fotografias. Quando as imagens se tornarem inadequadas, contentar-me-ei com o silêncio”.

(texto publicado na edição em papel de 23 de março de 2012)